Lula, o caso mais emblemático
Não é a primeira vez que a Justiça barra a posse de um ministro, no caso Cristiane Brasil, indicada pelo PTB para a pasta do Trabalho. Filha do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional da legenda, Cristiane teve seu ingresso impedido na Esplanada dos Ministérios graças a uma ação popular movida após a revelação de que a deputada do PTB foi condenada a pagar R$ 60 mil por dívidas trabalhistas com dois ex-motoristas.
O Governo recorreu da decisão, mas o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) negou recurso que tentava derrubar a suspensão da posse da parlamentar. Temer já pensa em recuar da nomeação, mas não quer tomar sozinho a decisão para não ampliar o mal-estar com o PTB gerado na ocasião em que o ex-presidente José Sarney (PMDB) barrou a indicação do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para o primeiro escalão.
O caso mais famoso, entretanto, que rendeu grande repercussão e polêmica na época, devido à suspeita de que Lula, acusado na operação na Lava Jato de procurar um guarda-chuva para se proteger de futuras implicações, se deu com o ex-presidente Lula. Ele teve a posse como ministro-chefe da Casa Civil barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, em 18 de março, depois de uma série de ações questionarem a nomeação.
Na decisão, o ministro afirmou ter visto intenção de Lula em fraudar as investigações sobre ele na Operação Lava Jato. Além de suspender a nomeação de Lula, Gilmar Mendes também determinou, na mesma decisão, que a investigação do ex-presidente seja mantida com o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância judicial.
O ex-presidente ainda chegou a tomar posse, mas uma hora depois, o juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, suspendeu a posse por meio de uma decisão liminar provisória. Lula foi nomeado ministro da Casa Civil em 17 de março, mas não teve o poder da caneta depois de uma sequência de ações judiciais.
Também foram divulgadas conversas telefônicas nas quais ele fala com Dilma sobre o novo cargo e que, segundo investigadores da Operação Lava Jato, são indicativo de que Lula teria negociado a ida ao Ministério para garantir acesso ao foro privilegiado e fugir das investigações em primeira instância da Lava Jato, nas quais acabou condenado e seu julgamento em segunda instância se dará no próximo dia 24.
Magno Martins
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