Por Pedro do Coutto

Em entrevista a Eliane Cantanhede, manchete principal da edição de quinta-feira de O Estado de São Paulo, o presidente Michel Temer manifestou preferência à candidatura de Geraldo Alckmin e, ao mesmo tempo, não deu força às pretensões de Henrique Meirelles e Rodrigo Maia à sucessão presidencial de outubro deste ano. O Presidente da República afirmou que prefere que Henrique Meirelles permaneça no Ministério da Fazenda até o final de seu governo. E que Rodrigo Maia dispute a reeleição e também se candidate a novo mandato de Presidente da Câmara Federal.

A entrevista ocorreu num almoço no Palácio do Planalto para o qual convidou a jornalista. Focalizou vários temas, incluindo o projeto de reforma da Previdência Social. Eliane Cantanhede também destacou trechos da conversa com Temer no jornal da Globonews, noite de quarta-feira, do programa conduzido por Sérgio Aguiar.

CHEGA DE CRISES – Michel Temer acentuou que o eleitorado brasileiro vai às urnas de outubro buscando a segurança e a serenidade, uma vez que está cansado da sucessão de crises que atinge o país e vai querer a manutenção do programa do governo atual, que está, segundo ele, recuperando a economia e a tranquilidade.

Essa frase pode ser interpretada como um sinal de alerta em relação à candidatura de Jair Bolsonaro. Ao destacar que prefere Geraldo Alckmin, Temer acenou para a manutenção do acordo com o PSDB, principalmente depois que o ex-presidente da República, Fernando Henrique, manifestou seu apoio à candidatura do governador de São Paulo.

APOIO A ALCKMIN – Entre uma pausa e outra, Michel Temer revelou ser amigo pessoal de Geraldo Alckmin há muitos anos. Michel Temer declarou à repórter que Alckmin preenche os requisitos de segurança e serenidade. Tornou claro seu apoio ao governador que, para se candidatar, terá que renunciar até 7 de abril, seis meses antes das eleições. Renunciando, o governo de São Paulo passará às mãos do vice Marcio França, que é do PSB. O presidente da República disse que Rodrigo Maia está se movimentando muito, mas acredita que sua prioridade é se reeleger à presidência da Câmara dos Deputados.

A entrevista publicada pelo O Estado de São Paulo vai forçar uma reação natural do ministro Henrique Meirelles que vinha falando como possível candidato de união do centro no horário político que cabe ao PSD. Vamos esperar porque é possível que ele não se sinta à vontade à frente da economia depois da preferência clara de Temer por Geraldo Alckmin.

UM OUTRO ASSUNTO – Diante da reação do PT contra Luciano Huck por sua fala, domingo passado, no programa do Faustão, interpretada como propaganda eleitoral, o apresentador Huck disse que a entrevista no Domingão fora gravada antes dele desistir de uma possível candidatura à presidência.

Mas acontece que ele desistiu através de artigo publicado há mais de um mês pela Folha de São Paulo, portanto é muito pouco provável que a gravação tenha ocorrido há pelo menos quatro semanas. Isso de um lado. De outro, a foto publicada na imprensa, de acordo com o repórter Gilberto Amêndola, O estado de São Paulo também de quinta-feira, mostra Faustão vestindo camisa igual àquela com que conduziu seu programa no domingo passado.

Coisas da política, situações que causam surpresa.

 

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