Por Carlos Newton

Para a maioria dos brasileiros, o Carnaval é uma pausa para extravasar sentimentos, esquecer problemas e buscar a felicidade. Há aqueles que não brincam, não cultivam fantasias e tentam encontrar a felicidade por outros caminhos, mas não deixam de ser contaminados pelo clima de alegria, porque não faltará quem lhes deseje: “Bom Carnaval”.

Esse comportamento confirma a definição do sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda sobre “o brasileiro cordial”, que se coaduna com a tese da “democracia racial” desenvolvida por Gilberto Freyre, cuja sabedoria correu mundo, tornou-se o intelectual mais premiado do Brasil e a rainha Elizabeth II fez questão de lhe conferir o título de “Sir”, como cavaleiro do Império Britânico.

HÁ CONTROVÉRSIAS – Existem hoje muitos contestadores destas teses, em função do crescimento da violência, que tem relação direta com o narcotráfico e abala a cordialidade democrática de qualquer um. Mesmo assim, é evidente que  tanto Freyre quanto Buarque estavam certos em suas conclusões. O Brasil do Século XXI continua a ser o maior exemplo de democracia racial do mundo, não existe nada que se assemelhe à fusão de raças que por aqui ocorre. E o brasileiro, apesar da mudança de hábitos devido ao fluxo migratório que superpovoou  as metrópoles, continua a ser cordial, em sua essência.

A piada antiga revela que o Brasil cresce à noite, quando os políticos estão dormindo e não conseguem atrapalhar. Realmente, é esta a impressão que se têm, porque as elites brasileiras são da pior espécie, tanto no que concerne aos políticos e governantes, como também no que se refere às carreiras ditas intelectuais e empresariais.

SEM SIMPLICIDADE – Já comentamos aqui no blog que nas última décadas os brasileiros perderam a simplicidade. Existe uma ganância por dinheiro e poder que parece uma epidemia social, altamente contagiosa, muito pior do que a febre amarela.

Hoje em dia, as pessoas demonstram a ânsia de buscar cada vez mais, não importa se a maneira de enriquecer é fora da lei. Jamais conseguem se satisfazer, como fica demonstrado no exemplo verdadeiramente patológico de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, um comportamento que está a exigir um estudo aprofundado pela Medicina Forense.

Da mesma forma, podem ser citados Lula da Silva, Sérgio Machado, Paulo Maluf, Eduardo Cunha, Alberto Youssef, José Dirceu, Antonio Palocci, Aécio Neves e tantos outros – todos são exemplos desse incontrolável furor uterino financeiro, digamos assim.

MAS É CARNAVAL… – Todos os gravíssimos problemas do país somem quando chegam as épocas festivas, como Natal, Ano Novo e Carnaval. E o brasileiro cordial sai às ruas, em busca da felicidade, num comportamento que encantou o cineasta italiano Franco Zefirelli.

Apaixonado pelo Rio de Janeiro, Zefirelli costuma dizer que o Brasil pode se tornar um país muito rico, porque somente aqui se pode encontrar um produto muito raro no resto do mundo – uma sensação de felicidade que independe das riquezas e mesquinharias que caracterizam a tentativa de comprá-la por 30 dinheiros. Zefirelli percebeu que no Brasil há quem seja feliz sem ser rico, embora as elites continuem insistindo em tentar comprar felicidade, sem notar que  é sempre um mau negócio.

 

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