Por Cristiana Lôbo

O processo de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro começou a ser construído na terça-feira de Carnaval, quando foram divulgadas imagens de assaltos e de violência por parte dos criminosos.

As primeiras conversas do presidente Michel Temer foram feitas apenas com assessores diretos, como o ministro Moreira Franco, que é do Rio. Em seguida, o presidente agiu em duas frentes: numa, a área técnica, para aferir as condições de os militares conduzirem as decisões no estado. Essa envolveu o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen. Isso porque a ideia, posteriormente confirmada, era a de envolver as Forças Armadas. Por isso, o presidente conversou também com os comandantes das três Forças para pedir o engajamento de todos.

Em outra frente, Temer pediu estudos jurídicos sobre as alternativas possíveis para uma intervenção específica na área de segurança, de modo a não ferir o governador Luiz Fernando Pezão, que não aceitou pedir uma “intervenção branca”.

Depois de fechado o modelo, os ministros Moreira Franco e Raul Jungmann foram ao Rio, já na quinta-feira, para uma conversa que foi definitiva com o governador. “A situação chegou ao limite e não tinha mais como continuar”, disse o ministro Moreira Franco.

Com o passar das horas, outros grupos foram sendo agregados à discussão. Foram chamados ao Alvorada os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, porque todos sabem que será necessário dar condições financeiras melhores para o interventor, general Braga Neto, desenvolver seu trabalho.E, por fim, foram chamados os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e o da Câmara, Rodrigo Maia, uma vez que o decreto precisa ser aprovado pelas duas Casas.

Rodrigo Maia chegou a se queixar por não ter sido avisado antes da discussão do assunto nos bastidores do governo. “São os ritos”, teria explicado o presidente Temer a um interlocutor.

Para uma medida de tamanho impacto, o presidente Temer convocou o marqueteiro Elsinho Mouco, responsável por algumas campanhas do governo, inclusive a marca do governo Temer “Ordem e Progresso”. O objetivo era definir o tom da fala aos jornalistas e à Nação para ter uma boa compreensão e, em consequência disso, apoio da sociedade.

Nos primeiros momentos após o anúncio da medida, assessores do presidente avaliavam que o resultado deve ser positivo, diante do número de mensagens que ele recebeu na tarde desta sexta-feira.

 

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