O Globo – Coluna Poder em Jogo

Com a candidatura de Lula “irregistrável” e o ex-presidente às vésperas de uma possível prisão, o PT completou 38 anos, este mês, sob acirrada disputa interna em torno de um plano B para a eleição presidencial. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad tem recebido vários sinais de Lula. Foi levado por ele a Monteiro (PB), em março de 2017, para a inauguração ex-oficial da transposição do São Francisco e, em todas as caravanas realizadas pelo ex-presidente,  é sempre apontado como o responsável por populares projetos petistas criados quando era ministro da Educação. Recentemente, foi escolhido para chefiar o programa de governo para uma terceira gestão Lula. Encarna a juventude de quem o PT quer se aproximar e um sentimento de renovação no partido. Mas, internamente, Haddad sofre muitas resistências. “É uma Dilma de calças, mais educado, de mais trato, mas uma Dilma”, analisa um grão-petista.

O PT não esquece o que amargou em São Paulo quando ele foi prefeito. Nesse contexto, o ex-governador Jaques Wagner emerge com mais força. Mas, além do risco de abandonar uma disputa confortável ao Senado pela Bahia, conta com a desconfiança de muitos no partido pelo “estilo autoritário” e pela bomba-relógio baiana chamada OAS, cuja delação da cúpula jamais se resolveu na Lava-Jato e não se sabe que estilhaços poderia lançar sobre ele. Ao tempo em que luta para manter Lula solto e viajando pelo país em campanha, o PT corre contra o relógio para, internamente, ungir um nome de consenso para quem o ex-presidente possa tentar fazer a transferência do seu capital político.

 

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