Por Pedro do Coutto

Ao se lançar candidato à sua própria sucessão, o presidente Michel Temer, ao mesmo tempo, afastou do páreo Henrique Meirelles, bloqueou a hipótese de uma aliança com Geraldo Alckmin e detonou a pré-candidatura de Rodrigo Maia. A reportagem sobre sua decisão foi de Marcelo de Moraes, manchete principal da edição de domingo de O Estado de São Paulo. Isso porque Henrique Meirelles é o ministro da Fazenda de seu Governo, Geraldo Alckmin aproximava-se de um acordo com o MDB, legenda de Temer, e Rodrigo Maia procurava situar-se no centro da disputa das bases conservadoras do Palácio do Planalto.

Todos os três perderam tempo com seus projetos. Não adianta supor-se que poderão disputar as urnas de outubro assumindo posturas de oposição. Impossível. Henrique Meirelles foi o arquiteto e pleno executor do projeto econômico. O governador de São Paulo, por diversas vezes manifestou seu apoio ao chefe do Executivo. Rodrigo Maia foi o grande aliado do projeto de reforma da Previdência. Nenhum dos três possui as condições mínimas para atacar o governo que apoiaram. Com isso vão para o espaço as perspectivas de acordo entre o PSDB e o MDB, o mesmo raciocínio se aplicando a uma remota aliança do DEM com a legenda presidida hoje por Romero Jucá.  A política é assim: muda de direção ao sabor dos ventos.

CIRO GOMES CRESCE – Com isso, situação que sintetiza o fracionamento das legendas governistas, cresce a perspectiva em torno de Ciro Gomes. Neste caso partindo-se do princípio de que Joaquim Barbosa não aceitará ser o candidato do PSB. Mas, caso contrário, o panorama pode sofrer alteração. É preciso considerar que no dia 7 de abril, Márcio França, que é do PSB, assume o governo de São Paulo, pois é o atual vice de Alckmin. Portanto, a importância do PSB cresce na mesma proporção.

Mas falei ontem que escreveria também sobre as dívidas de empresas para com a Fazenda Nacional. São dívidas tributárias. A meu ver, se incluídas as previdenciárias o volume seria muito maior. Reportagem de Júlio Wiziach e Mariana Carneiro, na Folha de São Paulo de domingo, destaca o tema.

A Fazenda tem uma lista de 1.000 empresas de porte pesado na escala de devedoras. Foram selecionadas, como as 12 que encabeçam a relação. Uma relação que eleva à altura de 36,9 bilhões de reais. Desse total o projeto do governo de recuperação fiscal reduziu os débitos em 11,7 bilhões.

VEJA A LISTA – Eis as maiores devedoras: Petrobrás, JBS, Marfrig, Docas do Rio de Janeiro, Amazonas Indústria e Comércio, Alimentos Zaeli, BRF, Bebidas Tatuzinho, Renault e Usinas Itamarati. Se 12 empresas deviam 36,9 bilhões, imagine-se o total das dívidas das 988 que faltam para atingir a 1000 companhias contribuintes.

O total, sem dúvida será enorme. Enorme é também o total das dívidas empresariais para com o INSS. O governo precisa divulgar as duas relações completas.

 

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