Por Pedro do Coutto

No dia de ontem, segunda-feira, o presidente Michel Temer confirmou sua candidatura a reeleição e, além disso, formalizou convite ao ministro Henrique Meirelles para ser o vice de sua chapa. Com isso, tornou natural a saída de Meirelles do Ministério da Fazenda, pois a lei eleitoral determina prazo de seis meses para desincompatibilização dos ministros de Estado. No caso, ele é diretamente vinculado não só à Fazenda, como também à chefia da política econômica do Governo.

A chapa Temer/Meirelles, de acordo com o projeto do presidente da República, será homologada pelo MDB, caso o ministro aceite ser vice. Assim, Michel Temer bloqueia a hipótese do governador Geraldo Alckmin ser apoiado pela legenda emedebista. Alckmin, portanto, tem sua candidatura neste instante apenas com base em seu partido, o PSDB, e sonhando com o PSD.

CONVENÇÕES – Como em política, aliás, como na vida humana toda ação provoca um reflexo, as convenções partidárias passam a adquirir uma importância ainda mais fundamental do que a mobilização de suas bases fixadas nos estados e municípios. Em São Paulo, por exemplo, poderá se estabelecer uma aliança entre Marcio França, que assume o governo no dia 7, e Michel Temer. Tal aliança excluiria uma campanha conjunta de Temer com João Dória. Isso porque, Márcio França já anunciou sua candidatura ao governo paulista, cargo também pleiteado pelo prefeito da capital.

Mas tal hipótese depende da decisão final do PSB, uma vez que os dirigentes da legenda convidaram Joaquim Barbosa para concorrer ao Planalto. Como se constata, o jogo se complica, inclusive na base do governo. A começar pela luta dos bastidores em torno da nomeação do sucessor de Meirelles na Esplanada dos Ministérios. Meirelles deseja ser substituído por Eduardo Guardia ou Mansueto de Almeida. Mas há correntes no Planalto que defendem Diogo Oliveira, atual Ministro do Planejamento.

GOLDFAJN NO BACEN – Em meio a essas ondas, parece navegar bem Ilan Goldfjan, presidente do Banco Central, posto fundamental para a política financeira que tem como pilar reduzir a taxa Selic e, consequentemente, diminuir o pagamento de juros aos bancos e detentores de notas do Tesouro Nacional, papeis que lastreiam a dívida interna na escala de 4,5 trilhões de reais. A permanência de Ilan no Bacen parece assegurada.

Este é o desenho básico do panorama que envolve as urnas de outubro, quando será eleito o presidente da República. Porém, uma nuvem de dúvida ainda persiste: Lula, se obtiver a confirmação do habeas corpus pelo STF, poderá ou não concorrer? Claro que o TSE deverá negar seu registro com base na Lei da Ficha Limpa. Ele, Lula, também evidente, recorrerá ao Supremo. O Supremo Tribunal Federal terá que decidir mais esta questão em última instância.

Última não, melhor pensando penúltima. Porque a última caberá às urnas decidir. A decisão do povo é irrecorrível.

 

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