Por Vicente Nunes / Correio Braziliense
Nas conversas que teve com aliados e auxiliares, o presidente Michel Temer recomendou que o governo demonstre força nos próximos dias para enfrentar o terremoto provocado pelas prisões de amigos do emedebista, entre eles, Jose Yunes. Na avaliação de Temer, o governo precisa mostrar que não está parado. Vai, sim, montar uma estratégia para se defender, sobretudo no Congresso, diante do temor de uma terceira denúncia contra o presidente, mas também tentará dar notícias boas à população. É o velho pacote de bondades.
A mais palpável, neste momento, é o reajuste do Bolsa Família. Temer já bateu o martelo de que o aumento incorporará um valor que funcionará como uma espécie de vale para compensar a forte elevação no valor do gás de cozinha.
DESDE 2016 – O último reajuste do Bolsa Família foi em 2016. Como, desde lá, a inflação acumulada fica próxima de 10%, é possível que o aumento se aproxime desse patamar. Como diz um ministro próximo a Temer, “o momento é de criar notícias boas, pois as ruins estão florescendo como pragas”.
O aumento do Bolsa Família estava acertado desde a semana passada. Só faltava fechar o índice que corrigirá os valores. Agora, o aumento se tornou um instrumento político importantíssimo para tentar reduzir o desgaste do governo.
Temer nunca esteve tão próximo de ser pego em uma investigação como agora. Ele é suspeito de ter recebido propina para favorecer empresas do setor de portos. Além do amigo do peito José Yunes, foi preso o coronel Lima Filho, responsável por cuidar de assuntos pessoais do presidente.
SERVIÇOS COMUNITÁRIOS – Dentro do processo de reajuste do Bolsa Família, também foi definido que os beneficiários do programa que prestarem contrapartidas em serviços comunitários terão um plus no valor do programa. Paralelamente à decisão, o governo pretende deixar claro que nesse período, em que a inflação de alimentos caiu, os beneficiários estão comprando mais comida.
A princípio, a proposta de compensar o aumento do gás de cozinha dentro do reajuste do Bolsa Família seria uma resposta do governo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, em entrevista ao Correio, criticou o valor do botijão. Agora, é uma questão de sobrevivência. “Toda a estratégia do governo passou a ser chegar até o fim de dezembro de 2018”, diz o mesmo ministro.
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