Pelo menos nove diretórios regionais não querem que o MDB apresente candidato próprio à sucessão do presidente Michel Temer. O cálculo foi apresentado em jantar na quarta-feira, na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), com políticos do MDB e outros partidos. Embora Temer tenha dito, ao Broadcast Político, que apenas “dois ou três diretórios” têm essa posição, a estratégia planejada pela cúpula da legenda consiste em evitar que uma aliança nacional atrapalhe as negociações nos Estados.
O receio do comando emedebista é de que a impopularidade de Temer grude nos candidatos e prejudique o resultado nas urnas. Eunício conversou ontem com o presidente para tratar de votações no Congresso, mas, à saída, disse que ele o deixou “completamente liberado” para fazer coligações no Ceará, seu reduto eleitoral. Lá, o senador articula uma dobradinha para se reeleger em composição com o PT.
Na mesma linha do presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), que admitiu ao Estado uma articulação para que o partido não lidere chapa, Eunício afirmou ser “difícil” a sigla lançar candidato à Presidência.
Além do Ceará, diretórios do MDB em Alagoas, Sergipe, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Pará – sem contar uma ala em Pernambuco, hoje nas mãos de uma Comissão Provisória – preferem ficar liberados para fazer coligações de acordo com interesses regionais.
Nem mesmo a vaga de vice interessa a esse grupo, que se movimenta para derrubar qualquer articulação oposta na convenção do MDB, em julho. “Nós já perdemos 15 deputados federais e sete senadores. Imagine, num cenário desses, ter Michel candidato. E Meirelles então? Nem pensar”, disse o hoje desafeto de Temer senador Renan Calheiros (AL), que também participou do jantar na casa de Eunício Oliveira.
Vera Rosa e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
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