Leitura na infância: o papel da escola e dos pais na formação de novos leitores.

Em um mundo cada vez mais conectado, como superar os desafios e formar novos leitores? Como a escola pode contribuir nesse processo, principalmente na Educação Infantil? Que ferramentas estão à disposição para auxiliar profissionais, pais e alunos? São muitos os questionamentos quando se coloca em discussão a leitura na infância.

A pedagoga Carla Liliane, que possui formação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e há quase 10 anos atua na Educação Infantil, vivenciando na prática os desafios de tornar a leitura um hábito prazeroso entre as crianças, traz as respostas desses questionamentos.

De acordo com a especialista, a leitura deve ser introduzida no universo da criança desde o momento em que ela ainda está em formação. Isso mesmo. A partir do momento em que a mãe se descobre grávida, ela já deve adquirir o hábito de ler para o filho. O bebê é capaz de captar as vibrações emitidas, e estudos mostram que, mesmo antes de o feto nascer, ele já consegue identificar a emoção das palavras.

“Até um ano de idade, as crianças passam a ter contato com os chamados livros de tecido, que proporcionam uma leitura de imagem, então quanto maior for esse contato, menos dificuldade elas terão no futuro, quando efetivamente começarem a identificar as letras”, explica Carla Liliane, que há cinco anos integra a equipe de pedagogos do Instituto Educacional DóRéMí (IED).

Para que esse processo não se torne cansativo para a criança, algumas técnicas e ferramentas são indispensáveis. Carla Liliane destaca que atrair a atenção da criança é um dos principais desafios, principalmente porque é nessa fase que, na maioria dos casos, começam a surgir problemas de indisciplina na sala de aula.

“A leitura deve ser apresentada à criança como algo prazeroso, como um universo que ela pode explorar, conhecer vários lugares e situações sem sair do lugar. Não pode ser imposta. Além dos livros de tecido, que já citamos, podemos destacar iniciativas lúdicas que ‘transformam’ as crianças nos próprios personagens da história. Utilizamos, por exemplo, baús com objetos diversos, projetos como o ‘Mala Viajante’, que conta com o auxílio imprescindível dos pais e a troca de livros entre as turmas, entre muitas outras ferramentas”, pontua a pedagoga.

Carla cita ainda como exemplo de prática exitosa no estímulo à leitura infantil os Saraus Literários, iniciativa adotada cada vez mais pelas unidades escolares. “Trabalhamos ao longo de dois, três meses, um autor em específico, não apenas com a leitura tradicional e habitual, mas de forma lúdica e criativa, a partir da musicalização, por exemplo. No Instituto DóRéMí, optamos esse ano por apresentar aos alunos a obra de Cecília Meireles”, revela a especialista.

Ainda segundo a pedagoga, esse estímulo à leitura e escrita ocorre respeitando sempre as dificuldades e o nível de maturidade de cada criança. “Ao iniciar o ano letivo, junto à coordenação da escola, fazemos uma avaliação para diagnosticar o nível de leitura e escrita da criança, de acordo com a teoria de Emília Ferreiro”, comenta.

A importância dos pais no estímulo à leitura infantil

Além da escola, os pais têm papel imprescindível na construção do hábito da leitura entre as crianças. Sem o apoio da família, o trabalho desenvolvido em sala de aula dificilmente atingirá os objetivos esperados, é o que ressalta Carla Liliane. “Quando os pais participam, o resultado é fantástico, a criança vem mais motivada para a sala de aula, tem prazer em contar que o pai interagiu com ela na leitura, essa participação é essencial”, reforça.

É o caso, por exemplo, da pequena Anita Oliveira, de 6 anos. Sua mãe, a endocrinologista Ana de Oliveira Rafael, hoje já colhe os frutos desse trabalho iniciado na escola, mas sequenciado em casa. “Nós, pais, esperamos muito da escola, mas na verdade tudo tem continuação em casa. Minha filha está em uma fase do processo de crescimento e gosto pela leitura muito grande, ela pede para comprar livro, ao invés de brinquedos, pede para ler com ela. Faço isso junto ao meu marido, quase todas as noites. A elogio, a corrijo, para que tenha um bom desempenho ao ler, e fazemos tudo isso sem a privar de brincadeiras, e ter uma vida de criança, muito pelo contrário”, afirma.

Ana revela que toda a família sempre incentivou nesse processo, mas que parte da própria filha o interesse maior pela leitura. “Não forçamos nada, mas sempre incentivamos muito. E fluiu tudo normalmente. Tem um grande detalhe: dou importância a minha filha, faço ela se sentir especial, amada, elogiada. A gente nunca pode dizer ao filho que ele não pode fazer, que não vai conseguir”, aconselha a médica.

Sobre a escola, Ana elogia o planejamento executado pelo Instituto DóRéMí. “São trabalhos em grupos com os próprios alunos sobre determinado autor e determinado texto, livros paradidáticos. A escola torna o ambiente da leitura divertido e incentiva esse hábito em casa, encaminhando textos para os pais interpretarem junto aos filhos”, elogia.

Por fim, Ana de Oliveira detalha os avanços que a filha já conquistou a partir da leitura. “Hoje ela já possui um tempo de leitura maior, é mais desenvolta no modo que se expressa, tem um poder imaginativo e de raciocínio muito maior que antes, um desenvolvimento interpessoal, é destemida ao falar em público. São muitos os avanços alcançados a partir da leitura”, conclui.

Fonte: Assessoria

 

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