A cada dia mais turbulências e indefinições na política do RN, faltando menos de três semanas para o prazo final de realização das convenções, que definirão o quadro da disputa.
Neste final de semana, dois fatos emblemáticos no caldeirão político do estado.
A senadora Fátima Bezerra assumiu publicamente a posição de avalista, do que ela condena e denomina de oligarquias potiguares.
Segundo Fátima, esses grupos se agrupam em famílias, que em “convescotes” privados decidem fazer alianças estapafúrdias, vendem legendas, atraem “apaniguados” beneficiando-os, colocam-se acima do bem e do mal e ditam as regras que irão predominar, sem levar em conta os militantes, a ética, ou o bom senso.
Verdadeiras ditaduras. E, agora, com a escolha do seu vice, o que fez ela?
Fátima repetiu esse tipo de comportamento político, ao referendar de cima para baixo, na cúpula do PT, a indicação de Antenor Roberto, presidente estadual do PC do B, para vice-governador em sua chapa.
Como candidata, ela teria legitimidade para ponderar e optar por um dos três nomes que lhe foram sugeridos na coligação, aliando competência e potencial politico-eleitoral.
Observe-se, por justiça, nada existir contra Antenor Roberto, um homem de bem, preparado e pertencente a uma legenda respeitada que é o PCdoB.
Entretanto, além do escolhido existiam dois outros nomes para consideração e escolha do PT.
Um, Gutemberg Dias, credenciado professor em Mossoró e bem avaliado em disputas eleitorais passadas. Outro, Airene Paiva, conhecido como excelente articulador, vocação política nata e com bom transito em todas as áreas políticas estaduais.
Fátima, entretanto, sem dá explicações, e sem abrir o debate interno, fechou a sua chapa e deixou muitos descontentes no seu próprio grupo político.
Diz-se que tudo isso tem uma razão. Fátima, na verdade, não deseja ser eleita. Ela quer, apenas, disputar a eleição, aquecer o seu nome para tentar manter em 2022 a sua cadeira no Senado.
Para quem analise a sua conduta política nesta pré-eleição, essa hipótese é muito provável de ser verdadeira.
Outro fato, ocorrido neste final de semana, foi o empresário e ex-candidato a prefeito de Mossoró, Tião da Prest (PR), retirar a sua pré-candidatura a deputada federal.
Não se nega como legítimo o direito de Tião da Prest desejar ser político e disputar mandatos. Porém, ele parece ser mais empresário, do que político.
Não convence essa história de justificar-se como sendo o antipolítico. Se assim pensa, não deve candidatar-se.
É a mesma coisa de um candidato a gerente de fábrica privada condenar as ações dos empresários. Sendo assim, não poderá ser gerente, sob pena de desserviço à empresa a qual se vincule.
O político é imprescindível na democracia, sem que essa afirmação seja sinônima de elogio aos maus políticos, punidos na Lava Jato. Tião incompatibilizou-se com o PSDB, quando aparecia como salvador da pátria.
Depois se aliou ao PR de João Maia, um político questionado no estado, pertencente à tradicional Maia e sem diferenças de todos aqueles condenados por Tião da Prest.
Por essa razão, soou mal a afirmação de Tião, ao renunciar a sua candidatura, dizendo que “São os mesmos grupos, as mesmas famílias e pessoas que há muitos anos são os grandes responsáveis pela calamidade que o Rio Grande do Norte vive hoje e agora querem se apresentar como solução para os problemas que eles criaram”.
A lição que fica desse episódio é que fazer política ou ser empresário são atividades que dependem fundamentalmente de ter ou não ter vocação.
A lógica do político terá que ser voltada para o interesse público.
A lógica do empresário será alcançar o lucro privado legítimo. Não dá para fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Ponto final!
Por Ney Lopes
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