Helena Chagas – Blog Os Divergentes

A semana começa com Ciro Gomes nas mãos do PSB. Vai depender do partido fundado por Miguel Arraes o destino da candidatura do PDT – e não só para efeito de tempo de propaganda na TV. O tempo, a esta altura, é muito importante para Ciro, mas ele precisa de uma aliança para chamar de sua sobretudo para não sucumbir num clima de isolamento e de incapacidade de aglutinação de forças que será criado por seus adversários.

quadro eleitoral se moveu bastante nos últimos dias, e é possível enumerar novas tendências, movimentos e dúvidas:

1. Geraldo viável mas ainda com grande desafio – Alckmin afastou de si o cálice da traição dos que queriam substituí-lo por João Dória e viabilizou-se como candidato do establishment com o acordo com o Centrão. Isso, porém, não lhe garante os votos. Há um longo caminho pela frente, e seu latifúndio no horário da TV terá que ser muito bem utilizado. Falta de tempo na TV elimina candidatos; sobra não garante vitória.

2. Centrão não é de confiança– Tratando-se do Centrão, muita coisa ainda pode acontecer. Alckmin parece ter contornado o primeiro problema, com o Solidariedade de Paulinho da Força, prometendo uma nova modalidade de contribuição sindical. Mas é bom ir preparando a boca e o bolso.

3. Josué vai passar de vice de Lula a vice de Alckmin? – O empresário, que entrou no PR dentro de uma articulação para ser vice de Lula, vai aceitar mesmo ser vice de Alckmin?

4. Jair Bolsonaro vai despencar e ficar fora do segundo turno? – Ele não conseguiu alianças e segue isolado, o que já leva muita gente a prever que o balão que chega hoje quase aos 20% vai furar. Será? É bem possível que, sem espaço na TV, ele comece a cair. Mas não há certeza. Bolsonaro cresceu até agora escorado na internet, que teve influência ampliada nesta eleição. A situação é inédita porque não se sabe até que ponto a TV vai interferir nessas preferências. Além disso, uma coisa é ir se enfraquecendo ao longo do tempo, e outra é despencar nas pesquisas em um mês e pouco de campanha.

5. Cresce o movimento pela união das esquerdas ainda no primeiro turno – Hoje seria missão impossível, mas se o futuro deixar Ciro isolado sem alianças, e se Lula tiver dificuldades para escolher um substituto viável, quem sabe. O nome do ex-governador Jaques Wagner voltou a ganhar espaço entre os petistas nos últimos dias, e ele é um dos defensores da união com Ciro no partido. Pode ser, porém, um jeito de continuar preservando Fernando Haddad, o verdadeiro candidato.

6. Quadro indefinido até setembro – Enquanto não houver decisão definitiva da Justiça sobre a candidatura de Lula, o quadro continua amarrado e imprevisível.

 

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