Por Fernanda Krakovics – O Globo
Às vésperas do início oficial da campanha eleitoral, a esquerda ainda tenta acertar os ponteiros. As direções do PT, PCdoB e PSB marcaram reunião, na próxima quarta-feira, em Brasília, para discutir possíveis alianças na eleição presidencial. Convidados, PSOL e PDT não confirmaram presença. O grupo tem quatro pré-candidatos ao Palácio do Planalto. O PT e o PDT disputam o apoio do PCdoB e do PSB. A presidente do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), não descartou, nesta sexta-feira, a possibilidade de a pré-candidata do partido, Manuela D´Ávila, virar vice na chapa do PT:
— Não posso falar sobre hipótese. Foi feita uma sondagem (pelo PT), e não um convite formal.
O PCdoB vinha condicionando a retirada de Manuela da disputa à unidade da esquerda, o que dificilmente acontecerá. O encontro, na sede do PSB, está marcado para o mesmo dia da convenção nacional do PCdoB.
— Nessa eleição, as chapas vão ser definidas nos pênaltis, não vai ser nem na prorrogação — disse Luciana Santos, que teve a iniciativa da reunião.
Dirigentes do PDT dizem não ter mais expectativa de conquistar o apoio do PCdoB para a pré-candidatura de Ciro Gomes e apostam no PSB para tentar superar o isolamento político. Depois de negociar com Ciro, o centrão — DEM, PP, PR, PRB e SD — fechou acordo com o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse não saber se irá à reunião por causa de outros compromissos. E descartou a possibilidade de união da esquerda.
— A única cobiça virou o PSB — disse Lupi.
O PSB está dividido entre o apoio a Ciro e a neutralidade. Diante do impasse, o governador de São Paulo, Márcio França, passou a defender, nos últimos dias, o lançamento de candidatura própria, o que gerou reações internas.
— O PSB precisa se posicionar, mesmo que sua opção não represente 100% do partido. Temos que ter um palanque para defender ideias, para participar do debate nacional. Inventar candidatura de improviso seria uma grande perda de tempo — disse o vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, Beto Albuquerque (RS), que defende o apoio a Ciro.
O PSOL, por sua vez, oficializou, em convenção, a pré-candidatura de Guilherme Boulos à Presidência, e o PT pretende registrar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mesmo com ele preso e atendendo os requisitos da Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado em segunda instância. A estratégia dos petistas é esticar a corda e substituir o ex-presidente na disputa após a provável impugnação de sua candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Poste seu comentário