Helena Chagas – Blog Os Divergentes
Nada é o que parece. Apesar de todo o oba-oba em torno da declaração do ministro Edson Fachin de que gostaria que o recurso para tirar o ex-presidente Lula da cadeia – acompanhado de um questionamento à sua inelegibilidade – seja julgado antes do dia 15 de agosto, há quem duvide, no próprio STF, que a Corte suprema vá meter sua mão nessa cumbuca tão cedo.
O Supremo está preparado para dar a palavra final sobre a possibilidade de o ex-presidente se candidatar, mas espera fazer isso apenas depois do Tribunal Superior Eleitoral, sem antecipação.
Na verdade, o julgamento desse recurso agora é visto como uma ameaça pela cúpula do PT. Afinal, nada indica que a correlação de forças que manteve o ex-presidente na cadeia em abril tenha mudado no Supremo.
O desfecho esperado, portanto, é mais uma derrota para o ex-presidente, que poderia vir acompanhada por um agravante: se o plenário do STF resolver, como propõe Fachin, tratar já da inelegibilidade de Lula, muito provavelmente dirá que ele não pode ser candidato. A consequência imediata disso seria que o TSE ficaria à vontade para negar seu registro, que será pedido no dia 15 de agosto, e que não haveria maiores possibilidades de recursos.
No resumo da ópera, implodiria a estratégia petista de levar a candidatura até o último momento, em meados de setembro.
Por outro lado, as autoridades do Judiciário sabem que a decisão de retirar Lula da urna das eleições de 2018 não será um passeio e gerará desgaste, seja para o TSE, seja para o STF. Por isso, o lema hoje entre elas é que isso não seja feito nem tão devagar que pareça procrastinação, mas também não tão depressa que pareça fuga
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