Por Bernardo Bittar / Correio Braziliense

Quase metade dos brasileiros não se interessa pelo horário eleitoral na televisão. Segundo especialistas, o eleitor prefere acompanhar os bastidores das campanhas e as notícias pontuais, como a impugnação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atentado a Jair Bolsonaro (PSL). Quem acompanha de fato a propaganda eleitoral no rádio e na tevê quer complementar as informações que encontra na internet. Por isso, as equipes dos candidatos à Presidência cada vez mais reforçam os times de mídias sociais.

A pesquisa Datafolha divulgada no último dia 12 mostra que 49% do eleitorado brasileiro não têm interesse pela propaganda eleitoral dos candidatos a presidente e não a acompanha. Os outros 51% representam aqueles que são extremamente interessados (18%) ou os que assistem quando já estão com a tevê ligada (32%) — 1% não opinou. Os eleitores que mais valorizam o horário eleitoral apontam preferência por Marina Silva (Rede), 47%; Geraldo Alckmin (PSDB), 43%; e Fernando Haddad (PT), 40%. Entre os apoiadores de Bolsonaro,  que tem apenas 8 segundos, o número cai para 33%.

IMPORTÂNCIA – Mais de 40% dos indecisos e 18% de quem vota em branco dizem que a programação eleitoral na tevê é muito importante para o voto. Aninho Irachande, professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), reafirma a importância do rádio e da televisão, mas diz que elas perderam força no país. “Pessoas com acesso à informação por mecanismos mais fáceis e rápidos, como sites e o WhatsApp, preferem usar esses meios de comunicação para se inteirar do que está havendo no cenário político”, explica.

Para Irachande, integrantes das classes mais baixas têm uma resistência maior ao uso dos celulares para fins políticos. “A grande questão da internet é quando ela é usada nos smartphones ou no computador, no trabalho. Aí, a informação chega bem mais rapidamente. E você pode acompanhar apenas os temas pelos quais se interessa, muito diferente da tevê, que edita exaustivamente o material veiculado e tem uma abordagem mais abrangente”, analisa o especialista.

DESILUSÃO – Felippo Cerqueira, professor de ciência política da Universidade Estadual de Goiás (UEG), confirma a impressão geral de que rádio e tevê — meios de comunicação a que as massas têm acesso — não despertam o interesse dos mais pobres quando o assunto é campanha eleitoral. “Eles são os maiores usuários da tevê, mas querem utilizá-la para ver a novela e programas de entretenimento. Os números salientados pelas pesquisas refletem a desilusão das pessoas com a política”, detalha.

Os temas que mais sobressaem para a população durante as eleições, segundo Cerqueira, são saúde, segurança e educação. E eles podem ser mais bem detalhados em buscas na internet, inclusive, nas plataformas disponibilizadas pelos partidos. “Você enxerga gente com muito tempo de tevê, como Geraldo Alckmin (PSDB), estacionado nas pesquisas. Bolsonaro tem seu público cativo na internet. É como Marina Silva (Rede), que ganhou apenas 16 segundos na televisão e tem sua imagem mais consolidada nas redes sociais.”

 

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