Por Carlos Newton

Os chamados políticos profissionais, que a cada eleição saem às ruas para pedir votos, até agora não entenderam o que aconteceu desta vez. Por dever de ofício, os analistas políticos fazem contorcionismos e acrobacias intelectuais, para fingir que sabem explicar o fenômeno Jair Bolsonaro, mas na verdade também estão completamente perdidos, batendo cabeça, como se dizia antigamente. Tudo mudou na política, não há dúvida. E quando não há explicação, o jeito é fazer como no filme “Casablanca” e culpar os suspeitos de sempre, que hoje atendem pelo nome de “novos tempos”.

Os astrólogos da política diriam que houve a conjunção de cinco fatores sociais que se alinharam e explodiram como um Big Bang eleitoral:

1) a persistência da crise econômica e do desemprego; 2) a desmoralização da classe política pela corrupção epidêmica; 3) o primado da criminalidade e da insegurança; 4) a necessidade de acreditar no surgimento de um messias; 5) e a disseminação da comunicação via celular, whatsapp e redes sociais, que levou Bolsonaro à vitória na maior parte do país, perdendo apenas nos grotões, especialmente no Nordeste mais pobre e com menos celulares.

SURGIU BOLSONARO – Na conjunção dos cinco fatores, surgiu o fenômeno Jair Messias Bolsonaro, que teve um extraordinário senso de oportunidade. Foi o primeiro candidato a se lançar, e sem ter partido, porque jamais ganharia legenda no PP. Sua campanha foi perfeita e barata, apenas viajando pelo país e plantando outdoors pelas estradas, para ressoar como voz do desapontamento coletivo.

Aos poucos, a campanha foi ganhando corpo, Bolsonaro passou a ser uma atração nos aeroportos e nos aviões de carreira. Não tinha partido nem teria exposição suficiente no rádio e TV. Mas nada disso o enfraqueceu, porque as redes sociais passaram a amplificar o discurso do candidato que expressava o descontentamento comum a todos, como uma catarse ciclópica nas nuvens da web. E quem embarcou na onda se deu bem, com a eleição em massa dos seguidores de Bolsonaro, os “antipolíticos”.

O DIA SEGUINTE – A eleição presidencial já está ganha desde a facada em Bolsonaro, mas vêm aí o dia seguinte, as semanas seguintes, os meses seguintes… Os governos dos três níveis – federal, estadual e municipal – estão quebrados. Não adianta os dois candidatos oferecerem quimeras, como ampliar a isenção do Imposto de Renda ou dar 13º para o Bolsa Família. Quem cumprir esse tipo de promessa estará enveredando pelo tenebroso caminho da irresponsabilidade fiscal, já percorrido por Dilma Rousseff até sofrer impeachment.

A dívida pública é a Esfinge que logo no primeiro dia desafiará o vencedor, que se chama Bolsonaro. Mesmo assessorado pelos generais, o capitão não conseguirá decifrar o enigma. Se tiver juízo, procurará então aconselhamento com a auditora Maria Lúcia Fattorelli, considerada uma das maiores especialistas mundiais em dívida pública. Ela lhe dirá exatamente o que fazer.

 

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