A polêmica dos cubanos do Mais Médicos trouxe à tona novamente um debate ético e moral acerca da profissão no Brasil. Ora, o argumento técnico para justificar a criação do programa foi a necessidade real da ida de médicos para os grotões Brasil adentro. Quem vive nesses pequenos municípios sente na pele o que é ficar doente e não ter como ser atendido; tendo, muitas vezes, que viajar vários quilômetros para poder se tratar.
A celeuma política em torno do programa nos faz atentar para a triste realidade de que a maioria dos nossos médicos preocupa-se mais com status do que com seus pacientes. Está lá escrito bem claro no Juramento de Hipócrates, que todo profissional precisa fazer ao se formar. “Os deveres que o médico deve ter para com o professor, e para com a profissão, são: a integridade de vida, a assistência aos doentes e o desprezo pela sua própria pessoa”, diz o texto do homem que foi considerado o Pai da Medicina.
No Brasil, infelizmente, um grande número desses profissionais se nega a trabalhar longe dos grandes centros urbanos. Os chamados “médicos de shopping” saem da faculdade mais preocupados em ganhar dinheiro do que em salvar vidas. É uma triste realidade, mas é o que percebe na prática.
Pergunte a um prefeito de cidade do interior sobre a dificuldade em se achar um plantonista para o hospital local; ainda que se ofereça diversos benefícios, a exemplo de bons salários – no Mais Médicos, a remuneração é de R$ 11,8 mil/mês –, flexibilidade de horário e até moradia em muitos casos.
As entidades sindicais médicas, que estimularam a categoria a protestar contra o então Governo Dilma, que começou o programa, deveriam, agora, cobrar dos seus filiados a hombridade e a responsabilidade profissional de ir até onde se precisa para oferecer uma assistência digna ao povo. No Brasil, precisa-se de médicos. Fica o apelo.
Poste seu comentário