Dizem que a melhor fase de um governante é o período entre a sua eleição e a posse, quando ele está recém-saído de uma vitória nas urnas e ainda não tem que enfrentar o desgaste de governar. É nessa etapa que se encontra o presidente eleito Jair Bolsonaro. Com o pescoço grosso, como se fala na política, Bolsonaro ainda vai surfar em uma aprovação popular por, pelo menos, uns seis meses ou mais, de acordo com especialistas. Esse destaque atiça a cobiça dos seus pares. Porque político é assim: não pode ver ninguém em alta com a opinião pública que já quer tirar uma lasquinha.
Nesse cenário, uma disputa já começa a emergir dos bastidores da oposição. A de quem vai ficar com o título de representante do “Bolsonarismo” aqui no estado. Vamos chamar de “bolsonaristas” os políticos ou aspirantes a políticos de Direita, que têm, no capitão da reserva, seu líder (ou “mito”, se você estiver nas redes sociais) e, no filósofo Olavo de Carvalho, seu guru. As tentativas de aproximação vêm de todos os lados.
Aconteceu na campanha, quando Bolsonaro apontou para ganhar; por meio de amigos em comum no Congresso; e pela via institucional.
O problema é que “faltou combinar com os russos”. Entendam por “russos”, neste caso, Bolsonaro e seu núcleo duro. A piada de comparar “adoradores” dos Estados Unidos aos russos só não é maior que o “toco” dado pelo capitão nos seus pretendentes pernambucanos. Bolsonaro até sinaliza, mas não entrega o jogo para ninguém. Deixa que os “candidatos” se digladiem pela sua atenção. Parece até se divertir com isso. Veio do nada, quando ele mesmo era a piada, para uma vitória consagradora. Sabe quem de fato está com ele e quem só quer se aproveitar. E assim vai levando.
Do ponto de vista institucional, o presidente eleito também está disposto a “eliminar atravessadores”. Quer tirar os governadores do caminho e estabelecer parcerias diretas com as prefeituras. Levar o governo na ponta – onde encontra-se quem votou nele. Está deixando muito governador de cabelo em pé, enquanto os prefeitos vislumbram uma luz no final do túnel. Contudo, ainda é cedo para qualquer comemoração. Bolsonaro é uma caixinha de surpresas.
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