Por Arthur Cunha
O novo governo e a atual Legislatura do Congresso Nacional não chegaram nem aos 100 dias, mas a certeza de que o Brasil afundou ainda mais na crise é generalizada. O desgoverno, para variar, tomou conta! Vamos aos fatos. Temos um presidente que não governa; tuíta! Jair Bolsonaro passa o dia escrevendo besteira no microblog; não entende de nada – é um ser humano raso e instintivo –; arruma briga com todo mundo; cria uma cortina de fumaça para desviar de debates que precisava travar com a opinião pública. Sua popularidade derrete na mesma proporção em que crescem as cobranças legítimas por resultado. Ele foi eleito para isso. Depois de dona Dilma e seu Temer, o brasileiro não tem mais paciência.
Os ministros de Bolsonaro, meu Deus, estão tão perdidos quanto o chefe. Paulo Guedes (Economia), depois de tratar os governadores com rispidez, condicionando qualquer benesse à aprovação da reforma da Previdência, reconheceu que pode até deixar o cargo se o que ele planeja não se concretizar. Sérgio Moro (Justiça), acostumado a emitir sentenças lá de Curitiba, tomou um choque de realidade ao ter que negociar a aprovação do seu pacote anticrime. Ricardo Veléz (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) são duas topeiras que só produzem crises. Marcelo Álvaro (Turismo) é “laranja”. E Damares Alves (Direitos Humanos)… Bem, essa é difícil de emitir qualquer opinião que não seja negativa.
No Câmara, o presidente Rodrigo Maia, que ensaiou uma postura moderada, agora virou o menino birrento, doído – o dono da bola que só brinca se for do jeito dele. Lidera um Parlamento tão corrupto e ávido por cargos (em sua maioria) quanto o passado. Na outra Casa, o Senado, o presidente é tão apagado que é até difícil lembrar seu nome. Davi Alcolumbre, por sinal, já está recebendo pressão dos pares para assumir um protagonismo maior. Se mexa, meu jovem!
Acharam que eu iria esquecer de vossas excelências, não é? Não, não. O Supremo Tribunal Federal, por fim, enfrenta a maior crise de credibilidade da sua história. Com ministros mais políticos do que técnicos, guiados pela opinião pública e tomando decisões controversas – para não dizer de má fé. Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski não me deixam mentir. Por isso, ao abrir o noticiário político todos os dias, eu e muita gente neste Brasil achamos que somos “Alice no País das Maravilhas”, de tão surreal que essa nação se tornou.
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