Por Carlos Newton
Não se sabe bem o motivo, mas o presidente da República fez questão de anunciar que nesta semana que se inicia haverá um “tsunami” no país. A imprensa logo começou a especular, com as mais diferentes explicações, porque a frase de Jair Bolsonaro foi enigmática, tipo “decifra-me ou te devoro”. Aliás, ele não deveria ter falado nada, porque quando um chefe de governo anuncia alguma coisa grave como um “tsunami”, depois não adianta dizer que “a gente vence esse obstáculo com toda certeza”, porque as pessoas sempre ficarão preocupadas.
No caso, como Bolsonaro estava falando em nomeação de ministros, a repórter Delis Ortiz, da TV Globo, colheu informações de que o presidente estaria se referindo à Medida Provisória 870, que trata da reforma administrativa, com redução do número de ministérios, que precisa ser aprovada pelo Congresso para ter validade.
ERROS IMPERDOÁVEIS – Acontece que ainda há tempo para aprovar a MP, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai tocar um “esforço concentrado”. Portanto, não haverá “tsunami” algum em relação à MP 870.
E o mistério aumentou porque, na sequência da frase, disse Bolsonaro, ainda mais enigmaticamente: “Somos humanos, alguns erram, uns erros são imperdoáveis, outros não”.
Logo surgiram outras interpretações, dizendo que o ministro Sérgio Moro poderia pedir exoneração, e no domingo Bolsonaro desfez a notícia ao dar entrevista confirmando que vai nomeá-lo para o Supremo na primeira vaga, em novembro do ano que vem.
OUTRAS VERSÕES – Blogs, sites e portais fizeram a festa e saíram outras versões, anunciando que haverá novos capítulos na briga entre a ala militar e o grupo olavista, o que realmente pode acontecer, porque o guru virginiano é mesmo imprevisível.
Falou-se também nos efeitos abaladores da quebra dos sigilos do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), por conta das “rachadinhas” armadas com o ex-assessor Fabricio Queiroz. E houve até quem previsse a demissão do ministro Santos Cruz, secretário de Governo, enquanto outros especulavam que o “tsunami” seria uma referência às manifestações populares convocadas para quarta-feira..
O fato concreto é que ninguém conseguiu fazer a tradução simultânea da apocalíptica frase de Bolsonaro. Nesse aspecto, ele é muito parecido com a ex-presidente Dilma Rousseff, tem hora que não diz coisa com coisa.
Poste seu comentário