Por Pedro do Coutto
Politicamente, para Rodrigo Maia não interessa a hipótese de o projeto de Emenda Constitucional enviado pelo presidente Jair Bolsonaro ser aprovado integralmente, pois nesse caso o plenário da Câmara perderia força própria no plano legislativo e deixaria ainda mais a impressão de que tudo o que o Palácio do Planalto impõe é obedecido totalmente. Assim, a Câmara dos Deputados seria transformada num ramal da via em que transitam Bolsonaro e Paulo Guedes.
No entanto, ao emendar a proposição o Legislativo demonstra independência e com isso, melhoraria a imagem do Parlamento junto à opinião pública.
VERDADE ABSOLUTA – Se Rodrigo Maia dissesse amém a tudo o que a esplanada de Brasília produz, muitas vezes em textos inadequados, a Câmara desapareceria diante da verdade absoluta do Poder Executivo.
Reportagem de Idiana Tomazelli, Eduardo Rodrigues e Vera Rosa, edição de ontem de O Estado de São Paulo, destaca a posição do presidente da Câmara, não só quanto à reforma da Previdência, mas também no que se refere a reforma tributária.
Rodrigo Maia estabeleceu um diálogo com Paulo Guedes no sentido da aprovação das duas reformas. Paulo Guedes é um intelectual da economia, com poucas afinidades com o universo político. Guedes ainda não percebeu o verdadeiro jogo de Rodrigo Maia, na minha opinião.
SUCESSÃO – Sem dúvida, os dois interlocutores têm se saído bem. Porém, é melhor ainda a imagem de Maia na articulação que desenvolve como um nome possível para a sucessão presidencial em 2022.
O último atrito de Maia com o líder do governo, deputado Major Vitor Hugo revela que o presidente da Câmara defende a própria posição, diante de todos aqueles que se encontram no exercício de seus mandatos. Dois majores ocupam a liderança do Governo no Senado e na Câmara Federal. O homônimo do escritor francês Vitor Hugo na Câmara e o Major Olimpio no Senado.
EM ALTA – O presidente da Câmara vem aproveitando todos os lances do panorama político e, dessa forma, sobe os degraus que existem ente Congresso e Palácio do Planalto. Nessa conjuntura, integrantes do centro do poder aproximam-se do crepúsculo , na medida em que se intoxicam de iniciativas impopulares, e Rodrigo Maia cresce no rumo do Alvorada.
Vamos reconhecer que ele está jogando bem na construção de uma ponte para percorrê-la sob os olhares do eleitorado. No caso da reforma tributária, existe um ponto sensível. Refiro-me ao destino do Coaf, se fica na Justiça, sob Sérgio Moro, ou volta para a área da Economia. O corpo político no Parlamento pressiona pela vinculação do órgão ao Ministério da Economia.
OUTRO ASSUNTO – O governador Wilson Witzel nomeou Dilmo Pinho para Secretário de Transportes e José Eduardo Saboia Castelo Branco para subsecretário logístico.
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