Blog da Andréia Sadi

Parlamentares de diferentes partidos no Congresso discutiam, já na noite de ontem, como o caso envolvendo mensagens de procuradores da Lava Jato e do ministro da Justiça, Sérgio Moro, poderá repercutir no ambiente político.

Uma das principais preocupações da ala de congressistas que defende a agenda econômica é garantir, pelo menos de forma pública, que o cronograma da reforma da Previdência não será afetado com o caso.

Mas, por outro lado, deputados e senadores querem usar o caso para desgastar o ministro da Justiça, pedindo explicações a Moro, e também a procuradores da Lava Jato.

Um dos caciques do parlamento disse ao blog que está em análise a convocação de Moro no Congresso – e que um dos caminhos pode ser chamá-lo para uma CPI mista que trata de crimes cibernéticos. O pedido de criação da comissão foi apresentado na semana passada e ainda aguarda leitura no Congresso. Ou seja: a CPI está na fase de conferência de assinaturas.

Parlamentares avaliam que o caso das mensagens da Lava Jato vai garantir o trabalho da comissão, que precisa das assinaturas de no mínimo 171 deputados e 27 senadores para funcionar. Após a conferência de assinaturas, a CPI precisa ser lida em sessão do Congresso, o que não tem prazo para ocorrer – dependerá da vontade política do parlamento.

No “foro” da CPI, grupos no Congresso defendem abertamente aprofundar as investigações, tendo como gancho o vazamento das mensagens, e pedirem quebra do sigilo de envolvidos nos diálogos.

Ao justificar a estratégia que está sendo desenhada, uma autoridade disse ao blog: “Moro não é mais juiz, é ministro. Ministro dá explicações”.

Como repercussão política no mundo jurídico, congressistas avaliavam já no domingo, dia do vazamento das mensagens, que, se a eventual indicação do ministro Moro para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal ocorresse hoje, o governo teria “dificuldades” para aprová-la.

Do lado do Palácio do Planalto, ministros ouvidos pelo blog afirmam que já esperam o uso do caso para “desgastar” a imagem de Moro – e apostam na “opinião pública”, que, segundo eles, ficará ao lado do “juiz da Lava Jato”, que trabalhou contra a “classe que quer enfraquecê-lo: os políticos”.

 

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