Por Cristiana Lôbo

O presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), responsável pela condução das sessões do Congresso, articulou intensamente com lideranças dos partidos tanto na Câmara como no Senado para obter, ainda na noite desta terça-feira (11), a aprovação do projeto que liberou o crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para autorizar novos gastos pelo governo.

O projeto era uma necessidade para não suspender pagamentos de benefícios do Bolsa Família, aposentados e outras necessidades prementes do governo. Foram dois dias de muitas conversas e, ao final do resultado, Alcomumbre não aceitou críticas de que havia cedido à pressão dos partidos.

“Ou negociava ou o governo não tinha nada”, proclamou.

“Como não dar dinheiro para a educação, uma área tão importante? Autorizar R$ 1 bilhão para o programa Minha Casa, Minha Vida beneficia a quem? Aos brasileiros mais pobres, serão 60 mil casas”, disse ele, já num jantar com outros senadores.

Para obter a concordância da oposição e do centrão para aprovar o projeto, foi negociada a liberação de recursos:

  • R$ 1 bilhão para a Educação, a pedido da oposição;
  • R$ 1 bilhão para o Minha Casa, Minha Vida;
  • mais R$ 500 milhões para as obras do Rio São Francisco, a pedido do líder do PP Artur Lira;
  • e mais recursos para bolsas de estudos, também a pedido da oposição.

A equipe econômica torceu o nariz para esta negociação mas entendeu que, sem ela, nada feito e o governo iria parar.

O ingresso de Alcolumbre nas negociações para aprovar o projeto, que se dá em sessão do Congresso, ocorreu depois da aproximação dele com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Teria partido do próprio Maia a ideia de envolvê-lo nas negociações – o que ele fez em conjunto com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP).

“Isso se deu pela ‘portinha do entendimento'”, disse Alcolumbre, referindo-se ao portãozinho que foi aberto pela área verde ligando as residências oficiais da Câmara e do Senado, onde moram Maia e Alcolumbre.

Os dois estão marcando um período de forte aproximação e também de afirmação do Legislativo diante do Executivo. O combinado entre eles é blindar de crises as matérias que consideram de interesse do país, sobretudo a agenda econômica, mas afirmar o papel do parlamento.

Todos sabiam de véspera que o decreto sobre armas será modificado no Senado (primeiro na Comissão de Constituição e Justiça e depois no plenário, para seguir à Câmara), mas também em matérias que ampliam o poder do Congresso, como o orçamento impositivo.

Outras matérias nessa linha vão ser incluídas na pauta das duas Casas. Alcolumbre, que disse à Globonews que o governo não tem uma agenda para o país, encomendou aos senadores José Serra (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) uma relação de projetos que já estejam tramitando nas Casas e que possam ter importante impacto na economia.

Eles serão incluídos na pauta de prioridades do Senado, tudo em negociação com Rodrigo Maia, na Câmara. Isso pode significar uma grande mudança na agenda do país, e o que esperam os presidentes das duas Casas, agora agindo em dueto.

 

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