Por Roberto Nascimento

Quando a Lava Jato vazava diariamente as denúncias para a imprensa acerca das delações premiadas de políticos e empresários, eram lícitas as provas obtidas de corruptos, que miravam a liberdade ou prisões domiciliares e a entrega de 10% ou menos do dinheiro surrupiado.

Muitos corruptos até ficaram satisfeitos com a negociação de pai para filho. Mas, quem com ferro fere, com ferro será ferido. São as lições da vida, que vale para qualquer um, inclusive daqueles cidadãos livres de qualquer suspeita, os cidadãos Kane, os quais, em determinado momento do teatro do absurdo, aparecem em cenas de tragédia, que causam nos incautos e homens de muita fé uma decepção sideral.

DIRIGISMO – Se os diálogos do Intercept são lícitos ou não, isso pouco importa, o que vale mesmo é o dirigismo, a vontade explicita de condenar. Mesmo que as provas fossem frágeis, no entanto, os vingadores tinham a convicção, o que bastava.

Para os operadores do Direito, não bastará provar a inocência dos réus, agora, terão que desconstituir o domínio do fato, ou seja, provar que a subjetividade e a convicção do julgador tem um peso maior do que as provas contidas nos autos.

Minhas escusas de quem pensa em sentido contrário, mas estamos ou não numa democracia? Pensar diferente não significa compactuar com atitudes ilícitas, de qualquer cidadão, os comuns, ou os membros dos três poderes, os conservadores, os progressistas, os que não estão nem de um lado nem do outro.

BELIGERÂNCIA – Causam-me espécie e tristeza a virulência dos comentários, a beligerância com o outro que não pensa como você, a raiva, as palavras de baixo calão, o partidarismo que não vem amparado na lógica, no contraditório.

Perde a cultura, perde o contraditório, perde o conhecimento, perdemos todos nós. Até chegarmos ao ponto de ninguém mais comentar nada, porque não valerá a pena, apesar da alma não ser pequena.

 

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