Muitas vezes sinuosa e outras retilínea, a trajetória de nossas vidas é repleta de mudanças não planejadas ou inesperadas.

Talvez por medo desses acontecimentos não previstos, “… os homens avançam sempre por caminhos traçados por outros homens e dirigem seus atos com base na imitação,…”, diz Maquiavel em seu livro O Príncipe, e completa: “… o homem prudente deverá constantemente seguir o itinerário percorrido pelos grandes e imitar aqueles que se mostraram excepcionais…”.
Entretanto, ainda no mesmo livro, o autor diz: “Assim, fora necessário que Moisés encontrasse o povo de Israel escravizado e oprimido pelos egípcios para que este, buscando dar fim à sua escravidão, dispusesse-se a segui-lo”.

 Moisés era um Semita da Tribo de Levi, filho de Anrão e Joquebede, que foi encontrado por Hatshepsut, filha do Faraó Ramsés II, boiando em uma cesta quando esta tomava banho no rio. Solteira, ela pediu a uma de suas servas – justamente Joquebede -, que a ajudasse a criá-lo e anos depois o adotou oficialmente: “Sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou por filho, e lhe chamou Moisés, dizendo: Porque das águas o tirei” (Êxodo 2:10).

 Aos 40 anos, já sabendo que não era filho legítimo do Faraó e após ter matado um feitor egípcio, ele é obrigado a partir para exílio, a fim de escapar da pena de morte. Fixa-se então na região montanhosa de Midiã, situada a leste do Golfo de Aqaba.

 Posteriormente tornou-se o encarregado da construção de novos palácios, construídos em novas terras que o Faraó se apossara ou tomara em guerras, mas não concordando com a maneira que os egípcios tratavam os hebreus – seus escravos que trabalhavam nessas construções -, rebelou-se contra isso e, por quarenta anos, guiou o povo de Israel para a Terra Prometida.

 Esse povo, composto de centenas de tribos seguia aquele que os libertara da escravidão rumo ao que, para eles, era totalmente desconhecido. Era uma nova trajetória, uma opção, provocada pela necessidade, mas uma escolha.

 Assim como todas essas tribos, todos podem seguir alguém ou escolher o próprio caminho, já conhecido, desconhecido, ou mesmo permanecer do mesmo modo, sem alterar em nada a vida que levam.

 Caminhar pode provocar bolhas nos pés, tropeços, quedas, mas os que se levantam e continuam, notarão que as feridas serão curadas, os pés e o corpo se acostumarão e certamente atingirão um local desconhecido para os que lá chegam.

 Durante a vida, na trajetória escolhida por cada um, pessoas e locais são conhecidos, algumas ou até mesmo raras amizades e inimizades são criadas, mas sempre algo novo, inesperado ou surpreendente, ocorrerá. O que não se deve é acovardar-se, ter medo do inesperado e permanecer em situações que não lhe proporcionarão mudanças, crescimento.

 As quedas fazem parte da vida e do nosso aprendizado. Cair dói principalmente no orgulho, e mais ainda, quando outras pessoas estão envolvidas. Entretanto, humilhante mesmo não é cair, mas permanecer no chão enquanto a vida continua.

 Nossos enganos, quedas ou perdas não devem ser lamentados, pois o mundo não acaba quando isso ocorre. No máximo, eles nos ensinam que devemos mudar nossa trajetória, aprender com nossos erros e acertos.

Por João Bosco Leal

 

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