Por Josias de Souza
A votação da reforma da Previdência é um processo intrincado. Afora a exigência do pedaço fisiológico do Congresso, que condiciona o voto à liberação de verbas orçamentárias, há o desejo dos partidos de oposição de obstruir as sessões, esticando o processo à exaustão.
A oposição é necessária e faz bem à democracia. Mas a oposição brasileira frequenta o debate previdenciário sem demonstrar sua utilidade. Por ora, a oposição não conseguiu fazer bem nem a si mesma. Hoje, com o Tesouro Nacional em petição de miséria, só malucos seriam capazes de afirmar que as contas públicas podem ficar como estão. E não há ajuste sem mexer na Previdência.
Como votar contra a proposta de reforma da Previdência sem informar o que fazer para o equilíbrio fiscal? A qualidade da oposição dependia dessa resposta. E ela não veio. Pena. Há no Congresso espaço para o surgimento de uma nova oposição, menos venenosa e mais propositiva. Mas ainda não surgiu força capaz de ocupar o vazio.
As forças de oposição ao governo Bolsonaro precisam de uma ideia. Qualquer ideia. Do contrário, os oposicionistas arriscam-se a desempenhar no Congresso um papel semelhante ao dos cachorros que perseguem automóveis na rua. Latem como se desejassem estraçalhar os pneus ou morder o para-choque. Quem observa de longe fica sem saber o que seriam capazes de fazer se alcançassem o automóvel.
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