O Palácio do Planalto busca saídas para a crise no PSL depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu comandar, sem sucesso, uma manobra para destituir o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), e substituí-lo por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP). O Estado apurou que uma nova lista com assinaturas de parlamentares já está sendo preparada e será apresentada à Câmara, em mais uma tentativa de tirar Waldir da liderança do PSL.
A aposta do Planalto é que, com todos os percalços, será possível “realinhar” o partido em torno de Bolsonaro. Antes de decolar de Brasília para Florianópolis, no início da tarde desta quinta-feira, dia 17, Bolsonaro incumbiu o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de comunicar à deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) que ela estava sendo destituída da função de líder do governo no Congresso.
ESCANTEIO – Para o lugar de Joice Hasselmann foi indicado o deputado Eduardo Gomes (MDB-TO). Ramos telefonou antes, porém, para os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a fim de lhes informar sobre a mudança.
“Precisamos serenar a situação”, disse Ramos ao Estado, em rápida conversa, lamentando não ter tido sucesso na missão de “construir pontes” entre os dois lados em disputa no PSL. O ministro fez questão de elogiar o trabalho de Joice em várias votações no Congresso.
VAZAMENTO – “Mas infelizmente, depois do dia de ontem, em que conversas em salas fechadas foram gravadas e vazadas e atitudes foram tomadas, para uma líder do governo no Congresso o presidente esperava que ela se comportasse, pelo menos, de forma isenta”, disse Ramos, admitindo que já havia um desgaste na relação.
O próprio Bolsonaro também manifestou sua indignação com Joice, em conversa com parlamentares. Para ele, a deputada não poderia ter permanecido em uma reunião na qual Delegado Waldir o xingava, sem fazer nada. Além disso, Joice apoiou a manutenção de Waldir na liderança do PSL na Câmara.
AMEAÇAS – O presidente também manifestou incômodo com as ameaças de destituição de seus filhos – o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro – dos comandos dos diretórios do PSL em São Paulo e no Rio, respectivamente. No seu diagnóstico, isso não passa de “retaliação”.
Ao Estado, o ministro Ramos disse acreditar que o racha no PSL não vai afetar a votação da reforma da Previdência no Senado, marcada para o próximo dia 22. “Não vai atrapalhar”, declarou o ministro. “Não se trata de um problema de natureza política, que impacta o Legislativo, mas, sim, do problema de um partido.”
ARTICULAÇÃO – Ramos também minimizou possíveis impactos para o governo em votações na Câmara, onde a bancada do PSL tem 53 deputados. “Eu não creio que parlamentares eleitos pela bandeira do Bolsonaro votem contra ele por uma questão interna do partido”, disse ele. Ramos reagiu, ainda, às críticas de que o governo não tem articulação política. “Articulação é controlar o PSL? Claro que não”, reagiu.
Estadão
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