Mesmo que o Tribunal Superior Eleitoral finja, é difícil acreditar que a extensão da gravidade do coronavírus não leve ao adiamento das eleições municipais previstas para outubro. Fala-se no pico da moléstia para os próximos 15 dias e um cenário de horror em meados de maio atropelando junho. Até lá, tudo é imprevisível. A partir de hoje, por exemplo, a sociedade está proibida de ir aos shoppings, aos restaurantes e até às feiras para estocar comida em casa.
Amanhã, o que será o amanhã? Cidades desertas, um emaranhado de gente olhando para a vida lá fora da janela do quarto ou da varanda. Famílias inteiras em prisão domiciliar, com medo do contágio com doentes portadores do corona. Crianças, sem entender o que se passa nas ruas, berrando por liberdade, por parques verdes, por passeios ou o simples contato com outras crianças, também proibido.
O corona já riscou do calendário a chamada fase pré-eleitoral. Candidatos a prefeito fogem do vírus como o diabo da cruz, são vistos apenas online pelas redes sociais. Tempos difíceis para um mundo globalizado, em que a comunicação flui na palma da mão pelo celular. Não há mais abraços, apertos de mão, troca de afetos e carinhos. O temor dos políticos é o mesmo da sociedade: o da morte.
Se não há o menor sinal de campanha pela frente, o que se pode dizer da própria eleição? Qualquer pleito está condicionado a um calendário eleitoral que, mesmo sob a insistência de ser mantido pelo TSE, passa a ter etapas atropeladas pelo clima de terror do coronavírus. A justiça eleitoral já não funciona com a exigência presencial do candidato para registrar sua candidatura.
As sedes dos partidos políticos foram fechadas e as filiações de candidatos, com prazo a ser vencido em 4 de abril, mesmo com densidade eleitorais, passaram a ser feitas online, por conferência na internet. Se tudo isso foi arrastado pelo coronavírus, cuja gravidade maior ainda está por vir, parece ser sóbria a proposta do deputado Sebastião Oliveira, do PL a caminho do Avante, adiando as eleições para 2022, quando haveria, pela primeira vez no País, as eleições gerais.
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