Depois de viver dias tenebrosos, com direito a seis interrupções em pregões, o Ibovespa comemora uma trégua. Nesta quarta-feira, 25, o índice registrou forte alta, de 7,5%, cotado a 74.955 pontos. É o segundo dia de avanços expressivos. A última vez que o índice subiu por dois dias seguidos foi em 2 de março. Na terça, 24, a Bolsa disparou 9,69%. Devido aos impactos do novo coronavírus (Covid-19) na economia global, as empresas listadas no Ibovespa já perderam cerca de 1,5 trilhão de reais em valor de mercado este ano.

De acordo com analistas consultados por VEJA, não foi o discurso inflamado de Jair Bolsonaro (sem partido) em rede nacional na noite desta terça-feira que inflou o ânimo do mercado. Também não teria sido uma especulativa melhora da economia brasileira por parte do mercado financeiro. A explicação para o avanço expressivo da Bolsa se dá por fatores externos. Na madrugada desta quarta, o governo e o congresso dos Estados Unidos firmaram um pacote de estímulos à economia local de 2 trilhões de dólares.

“O recado que essa alta da Bolsa está sendo puxada pelo anúncio de que o governo americano injetará 2 bilhões de dólares para o desenvolvimento da economia deles. Um pacote que deve ser aprovado amanhã”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset. “O discurso do Bolsonaro não teve grandes efeitos para isso. Essa falta de comunicação entre os governos no país são um ponto de incerteza. Essas duas altas não são sustentáveis. Dependendo da crise que vier, acabou o ano para a economia”, complementa.

O anúncio também reverberou num movimento de desvalorização do dólar frente ao real. Nesta quarta, a moeda americana chegou a cair abaixo dos 5 reais, mas terminou o dia cotada em 5,033 reais, queda de 0,93% no pregão. “O acordo entre o congresso e o governo vai liberar trilhões para serem destinados à economia e à saúde. Isso deu uma animada no mercado. O nosso congresso também deve liberar verbas para colocar na defesa contra o coronavírus. Foram os fatores que trouxeram o dólar novamente para a casa dos 5 reais”, diz Mauriciano Cavalcante, diretor de operações da Ourominas. No ano, a moeda brasileira se desvalorizou 25,3% em relação à americana. Ou seja, ainda há pouco que se comemorar.

Veja

 

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