Via Pedro do Coutto
Esta é a verdade que emerge da análise dos fatos que se sucedem no governo Jair Bolsonaro em face de o chefe do Executivo permanecer ainda como se fosse um candidato ao governo, em campanha. Reportagem de Daniel Carvalho e Mateus Teixeira, Folha de São Paulo desta segunda-feira, destaca as palavras de Bolsonaro a um grupo de apoiadores que o esperavam domingo em frente ao Palácio da Alvorada.
Afirmou simplesmente que integrantes de seu governo transformaram-se em “estrelas”. Disse que a hora deles vai chegar, acentuando não ter medo de usar a caneta.
INDIRETA DIRETA – Ora, evidentemente ele estava se referindo principalmente a Henrique Mandetta, que, por sua atuação aplaudida e reconhecida por todos, ganhou espaço muito grande no panorama nacional, com reflexos até no exterior.
Não se entende logicamente a posição de Bolsonaro que transforma alvo de sua irritação o êxito de um integrante de seu próprio governo. Acontece que Mandetta não está sozinho nesta mira. Tem como companheiros Sergio Moro e Paulo Guedes.
Ontem, no final da tarde uma onda alastrou-se não só por Brasília mas também por vários outros estados da Federação. Transpirou a notícia de que absurdamente Jair Bolsonaro ia assinar a demissão de Mandetta.
REAÇÃO IMEDIATA – A movimentação foi intensa em termos de protestos, que levou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a procurar o gabinete presidencial chamando atenção de que tal ato representaria um desastre de grandes proporções. Ministros do Supremo também atuaram nos bastidores em decorrência da notícia divulgada pelo canal CNN.
Logo depois, o próprio Mandetta teria dito a setores do Palácio do Planalto que assim não dá pé. Afinal de contas contraditoriamente ele estava sendo atacado pelo chefe do governo ao qual integra. Rematado absurdo. Bolsonaro teve que recuar, de acordo com informações de bastidores da crise.
UMA AUTODEMISSÃO -Demitido Mandetta, na minha opinião Jair Bolsonaro estaria na verdade exonerando a si próprio em matéria de responsabilidade pela administração do país.
As contradições não pertencem apenas isoladamente a Bolsonaro. Lendo o Globo de ontem, matéria assinada por Manoel Ventura, verifica-se que o Ministro Paulo Guedes reuniu-se no domingo através da internet com deputados do DEM, quando sugeriu o congelamento por dois anos dos salários dos funcionários públicos e também os vencimentos dos servidores das estatais regidos pela CLT.
Não se entende isso, pois o próprio ministro da Economia liberou recursos do FGTS no sentido (difícil mas foi uma ideia) visando a elevar o consumo no varejo. Da mesma forma. coloca-se o crédito de 600 reais a pessoas de menor renda.
CONTRADIÇÃO – Portanto, o Ministro Paulo Guedes age de uma maneira bipolar. De um lado, incentiva o consumo, e de outro, o pressiona, uma vez que quem tiver seu salário congelado pelo prazo de dois anos não pode pensar em consumo algum, além da sobrevivência. O governo Jair Bolsonaro, como se constata, é marcado por avanços e recuos, para os quais não se encontra um pensamento lógico. E o tempo vai passando.
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