Líderes dos partidos de centro, chamado Centrão, dizem que o presidente Jair Bolsonaro ameaça demitir os ministros que negarem ceder cargos dentro de suas pastas aos integrantes do grupo. A informação divulgada neste sábado (2.mai.2020) é do jornal Folha de S. Paulo.
Segundo os congressistas ouvidos pela reportagem, essa é uma das mensagens enviadas por Bolsonaro por meio da demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. No começo do governo, Moro foi considerado “indemissível”. Mas, em reunião com todos os ministros, antes da exoneração de Moro, Bolsonaro deixou claro que quem faz nomeações é ele.
Num 2º momento, o presidente teria informado aos ministros, em encontros coletivos e a sós, que ele irá distribuir cargos no 2º e 3º escalões aos políticos do centro, e que não aceitaria recusas sob pena de demissão.
A tática, no entanto, foi rechaçada por Bolsonaro durante toda a sua campanha. Prometia abolir do Planalto a chamada de velha política ou política do “toma lá, dá cá”.
Conforme apurou a Folha, a estratégia de compartilhamento dos cargos se dá depois da ruptura política do chefe do Executivo federal com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Bolsonaro começou a fazer contato com líderes do PP, PL, Republicanos, PTB e PSD. O repasse dos cargos seria a estatais e autarquias estratégicas, do Porto de Santos à Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
As ofertas na Esplanada também teriam se dado a partir da tentativa do Planalto de pela 1ª vez formar uma base sólida no Congresso e evitar, por exemplo, a abertura de 1 processo de impeachment. A possibilidade ganhou força depois das manifestações que pediam a volta do AI-5 (Ato Institucional nº 5) que contou com participação de Bolsonaro. Para evitar 1 eventual processo de impedimento, o presidente precisa de ao menos 171 dos 513 deputados ao seu lado.
A Folha ouviu de líderes do centrão que o presidente já foi cobrado pela demora nas nomeações. Fontes do Planalto informaram que o processo para entrega de cargos e nomeação no DOU (Diário Oficial da União) deve ser formalizado na próxima semana.
Segundo os integrantes do bloco, os ministros Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Abraham Weintraub (Educação) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), estariam resistindo à determinação do governo.
Na última semana, Bolsonaro foi questionado sobre as conversas com esses partidos, mas não confirmou ou deu respostas concretas a respeito da divisão de cargos.
Num dos acenos a integrantes do centrão, o presidente da República retransmitiu em suas redes sociais uma live em que o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson –autor da denúncia do mensalão do PT– acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de plajenar 1 “golpe” contra o presidente Jair Bolsonaro. Também acusou Maia de inviabilizar votação de MPs (medidas provisórias) no Congresso. A transmissão foi compartilhada pelo presidente via Facebook.
Ao chamar as pessoas para assistirem a live nas redes sociais, Jefferson, que foi 1 dos líderes do chamado Centrão da Câmara, disse que Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o STF (Supremo Tribunal Federal) tramam 1 impeachment contra o presidente. Segundo ele, o PT, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do Rio, Wison Witzel (PSC), e a TV Globo também participam do suposto conluio.
Poder 360
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