Por Paulo Farias do Monte*

Uma aeronave Airbus, na sua referência A321, consegue acomodar 185 passageiros na distribuição tradicional, com duas classes, ou 220 com uma configuração única de classe econômica.

Utilizo-me deste parâmetro para que a gente possa dimensionar o tamanho da tragédia que tem causado o coronavírus, causador da doença Covid-19, apenas no Brasil.

É comum nas pessoas o choque com tragédias esporádicas. O acidente com um ônibus, onde há 40 mortes ou a queda de uma aeronave, onde morrem cerca de 220 pessoas.

O mundo e as pessoas ficam aterrorizadas com esses eventos. No ataque às Torres Gêmeas foram 3 mil mortes e o mundo estarreceu-se.

No entanto, o alarme do povo parece ser menor quando a tragédia vem de forma gradativa, todos os dias. É como houvesse um conformismo, um acostumar-se.

Em 08 de maio de 2020, foram mais 748 mortos no Brasil dentro de 24 horas e passamos de 10 mil mortos.  Para ter a real compreensão dessa tragédia, é como se caíssem três aeronaves e meia em um dia.

Agora, vamos contabilizar o número de mortes que já ocorreram no Brasil por essa pandemia.  São 10.621 (dez mil, seiscentas e vinte uma) mortes dentro de dois meses. É como se, do dia 14 de março até 08 de abril, 49 aviões lotados tivessem caído em território brasileiro e matado todos os passageiros e tripulantes.

Essa é a nossa triste realidade e, talvez com esse comparativo, nosso povo possa por fim entender a importância de colaborar, esforçando-se para ficar em casa, mesmo diante de todas as dificuldades financeiras.

É hora de acreditar mais na ciência do que em crendices e em políticos que, mesmo sem qualquer conhecimento sobre infectologia, teimam em usar sua força e liderança para conduzir o povo como conduz uma boiada para o matadouro.

Essa não é hora da velha queda de braço dos politiqueiros, mas sim daqueles que compreendem a dimensão dos cargos que ora ocupam para salvar vidas.  Vamos seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde.

Já vi empresa quebrar e soerguer-se. Ressurreição, só tenho conhecimento de dois casos: Jesus e Lázaro, ressuscitado pelo primeiro. Vamos juntos ficar em casa, só saindo quando necessário, usar máscaras para vencermos essa pandemia.

É um erro crasso colocar a economia como um bem maior que a vida. A vida é bem inalienável e a oportunidade de viver é única.  Como bem diz a bela canção de Ana Vilela: “A vida é trem bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir”.

 

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