Mariana Carneiro e Guilherme Seto / Folha

Ministro interino da Saúde há duas semanas, o general Eduardo Pazuello tem causado boa impressão nos secretários estaduais. Segundo eles, ainda que fosse polido e bem-intencionado, Nelson Teich mostrou-se vacilante em diversos momentos, sem clareza sobre o que precisava fazer. Além disso, estava isolado no governo Jair Bolsonaro (sem partido), sem espaço de atuação.

No meio da pandemia do coronavírus, o país completou neste sábado, dia 30, 15 dias sem um titular na pasta. Pazuello tem sido elogiado por sua resolutividade, ou seja, a capacidade de fazer as coisas funcionarem.

DIÁLOGO – Além disso, mantém contato regular com os secretários, mostrando-se mais aberto ao diálogo que o antecessor. Por fim, tem acesso direto ao centro de governo, e por isso consegue tirar ideias do papel. O gabinete de crise, extinto na gestão Teich, por exemplo, foi recriado. Nele, os presidentes dos conselhos dos secretários estaduais (Alberto Beltrame, do Pará) e municipais (Willames Freire Bezerra, de Pacatuba, Ceará) participam diariamente de reuniões com Pazuello.

“É um avanço na necessária unificação de ações e conjugação de esforços de todos os níveis da gestão do SUS, que sempre tenho defendido. Tenho conversado bastante com ele. Mudou a forma da relação”, diz Beltrame. Pazuello esteve em Manaus e em Belém para avaliar as instalações de saúde.

GESTÃO DEMOCRÁTICA – “A gestão do general Pazuello tem sido propensa ao diálogo com os estados e municípios, no que está correto. A visita aos estados da região Norte, nesta semana, também foi muito bem vista pelos secretários estaduais. Que possamos retomar o diálogo e a gestão democrática, que são fundamentos do Sistema Único de Saúde”, diz Carlos Lula, secretário estadual de Saúde do Maranhão.

O ministro interino é valorizado também no processo de habilitação de leitos de UTI, que estava andando muito lentamente desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta. Segundo os secretários, Pazuello praticamente zerou as habilitações pendentes, restando apenas as montadas nos últimos dias. É a partir da habilitação que o Ministério da Saúde começa a ajudar a financiar o custeio dos leitos.

REGULAMENTAÇÃO – Enquanto funcionam sem habilitação, os leitos são custeados exclusivamente pelo estado ou pelo município. Há, atualmente, mais de 7 mil leitos habilitados no país. Os secretários também viram avanços importantes na regulamentação dos hospitais de campanha e a participação federal no custeio.

A discussão, que vinha acontecendo vagarosamente, ganhou tração com Pazuello, e os secretários acreditam que nesta semana já será possível publicar um documento em que ficarão mais claras as formas de participação do governo federal no custeio dessas unidades de saúde.

Ainda há pontos pendentes, ressaltam os secretários, como ampliação da testagem, fornecimento de swab para coleta de exames, EPI, entre outros, que têm sido tratados continuamente com Pazuello.

 

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