Consórcio Nordeste

Um dos casos mais emblemáticos tem sido o do chamado Consórcio Nordeste, criado como uma boa ideia para unir os governos da região na compra de insumos e equipamentos para o combate à pandemia. Mas recentemente, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou procedimento preparatório de inquérito civil para apurar a possibilidade de irregularidades na compra de respiradores pelo governo da Bahia e a prefeitura de Salvador.

No início de junho, após denúncias, a polícia baiana deflagrou a Operação Ragnarok, que cumpriu três mandados de prisão e 15 de busca e apreensão em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, contra uma quadrilha que fraudou a venda dos equipamentos hospitalares.

Os estados nordestinos pagaram quase R$ 49 milhões por 300 respiradores que não foram entregues. Na última semana, foi encaminhado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) processo relacionado à operação. O processo corre em segredo de Justiça.

O caso toou proporções maiores depois que a empresária Cristiana Prestes, que foi detida na operação, apontou como responsável pela negociação dos respiradores o chefe da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster. Logo depois ele pediu exoneração, alegando motivos pessoais. O Consórcio Nordeste é presidido pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT).

O governo da Bahia não se manifesta sobre o assunto com o argumento de que o fato está relacionado ao consorcio e não ao estado da Bahia, mas informou em nota que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) entrou com recurso para manter o caso na Justiça baiana.

De modo mais amplo, os números mostram o tamanho do descaso com a coisa pública e a população. Até a última semana foram formalizadas 3,3 mil denúncias pela Controladoria-Geral da União (CGU) e instalados, na Procuradoria Geral da República, 3.066 procedimentos judiciais. Procuradores dizem, em reservado, que até o final do ano serão instalados perto de 7 mil destes procedimentos. Mais uma triste nuance no mapa já tão marcado de corrupções encontradas no país.

 

Por  Hylda Cavalcanti
 

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