Via Folha

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste domingo, dia 28, que o resultado da pesquisa Datafolha de apoio recorde à democracia mostra que os brasileiros não permitirão “um retrocesso institucional” no país.

“Acordei hoje com o Datafolha mostrando que 75% dos brasileiros apoiam o regime democrático. Fico feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por ver que o brasileiro não permitirá um retrocesso institucional”, disse. Maia ponderou que o número também o entristece pois a discussão já deveria ter sido superada.

MAIS ADEQUADO – “Triste por ter que, em pleno século XXI, me preocupar com uma discussão que já deveria estar enterrada”, escreveu o presidente da Câmara em suas redes sociais. A pesquisa divulgada aponta que 75% dos entrevistados consideram o regime democrático o mais adequado. Em dezembro, última vez em que o instituto fez a pergunta aos entrevistados, 62% apoiavam a democracia.

Durante o ano, o presidente Jair Bolsonaro fez movimentos que pioraram a crise política no Brasil, em enfrentamento direto ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.O índice de apoio à democracia é o maior desde 1989, ano em que o Datafolha incluiu a pergunta em suas pesquisas.

A maior diferença nos números da pesquisa anterior está entre os que antes respondiam que tanto faz uma democracia ou uma ditadura no país. O número caiu de 22% para 12%, a maior migração pró-democracia. A pesquisa foi feita entre os dias 23 e 24. O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone.

DITADURA – A líder do PSOL na Câmara, deputada Fernanda Melchionna (RS), comentou outro resultado do levantamento do Datafolha, que mostra que 78% dos brasileiros reconhecem que o regime militar instaurado em 1964 foi uma ditadura. “1964 foi o ano do Golpe Civil-Militar, que inaugurou um dos períodos mais sombrios da nossa história. 78% do povo reconhece e sabe do legado cruel de censura, genocídio indígena e tortura.”

A pesquisa mostra que 13% acham que não houve ditadura no país e outros 19% dizem não saber. O presidente Bolsonaro costuma elogiar ou minimizar o período ditatorial no Brasil. O Datafolha mostra que boa parte de seus apoiadores tendem a concordar com ele. Para 43% dos defensores de Bolsonaro, a ditadura deixou mais coisas positivas do que negativas para o país. Na população em geral, o índice cai para 25%.

João Doria, governador do estado de São Paulo, parabenizou a campanha da Folha em defesa do regime democrático e que resgata o amarelo das Diretas Já. Ele disse que a defesa da democracia no país une defensores da liberdade da paz e da Justiça.

AMEAÇAS – “A Folha de S.Paulo cumpre, mais uma vez, o melhor papel da imprensa livre, de alertar e criticar as ameaças à Constituição e a liberdade, patrocinadas por radicais extremistas”, afirmou sobre a campanha. Segundo ele, a “defesa permanente da democracia” é condição essencial das liberdades individual, econômica, política, cultural e da imprensa.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também comentou os resultados do Datafolha. “Democracia vai além da participação nas eleições a cada dois anos. É participação, cobrança e permanente presença do cidadão no dia a dia. A manutenção da democracia é uma luta que transcende qualquer disputa entre partidos políticos. Ser democrata está acima da polarização entre esquerda e direita”, afirmou.

“A cidade de São Paulo sempre foi e será palco de respeito e diversidade de ideias. Foi assim no impeachment do Collor, da Dilma e tem sido nas manifestações pró e contra Bolsonaro”, completou.

LUTA PERMANENTE –  O prefeito ainda parabenizou a campanha da Folha. “Meu avô foi perseguido, preso e teve seu mandato cassado na época da ditadura militar, algo inadmissível a ser reproduzido”, afirmou, em referência ao ex-governador Mario Covas (PSDB).O ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que a democracia brasileira está ameaçada e comentou a campanha da Folha. “Para nos lembrar de que a luta democrática é permanente. Não é só o direito ao voto. São liberdades e direitos sociais.”

O resultado da pesquisa do Datafolha, segundo ele, “mostra que o Brasil é muito melhor do que Bolsonaro” e que “o fascismo é minoria e será derrotado”. No STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Gilmar Mendes considerou extremamente importante os índices da pesquisa Datafolha.

“A democracia tem seus problemas, nós precisamos corrigir, mas é um governo de humanos. Precisa estar sempre em constante aperfeiçoamento, mas sua substituição por qualquer outra coisa sempre é pior”, disse o ministro.

ARES DEMOCRÁTICOS – O ministro Marco Aurélio Mello destacou que os números mostram que não há espaço para retrocesso no sistema democrático brasileiro. “Nós não somos saudosistas. Os ares, depois da Constituição de 1988, são ares democráticos e todos nós temos de estar engajados na defesa desses ares. A vontade é única, é a prevalência do regime democrático”.

Na análise do ministro, a pesquisa serve como uma espécie de aviso para um setor político que defende atos antidemocráticos. “É importante termos esse levantamento para avisarmos os desavisados quanto ao sentimento do povo brasileiro. É bom para os desavisados ficarem atentos”, disse.

 

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