O presidente Jair Bolsonaro mudou de turma. Sob pressão dos inquéritos das rachadinhas, da possível interferência na Polícia Federal e das fake news, ele afastou-se de extremistas ligados a Olavo de Carvalho e lavajatistas. Agora, vive na companhia dos políticos do Centrão e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro, a sua “República da Tubaína”. Os amigos atuais não são tão novos assim.

Apesar da “surpresa” e das reclamações da militância bolsonarista, parte do grupo é formado por velhos conhecidos dos tempos de Bolsonaro na Câmara e com os quais se sente à vontade para “tomar tubaína”, refrigerante tradicional do interior paulista, expressão que o presidente passou a usar para definir  suas relações.

É um grupo de confiança que pode blindá-lo no cargo e livrar o filho Flávio, senador pelo Republicanos, do Rio, das investigações. Na “República da Tubaína”, os ministros do STF Gilmar Mendes e Dias Toffoli, ex-presidente da Corte, ganharam assento às mesas de articulação. Antes deles, líderes de partidos de Centro, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Arthur Lira (PP-AL), além do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), do partido ao qual o presidente foi filiado no passado, também ganharam seus lugares. Tudo isso a despeito do discurso contra Congresso e STF que levou Bolsonaro ao poder e motivou até meados do ano manifestações antidemocráticas, inclusive com sua presença. Bolsonaro chama Arthur Lira de “meu malvado favorito”.

O time que passou a ser ouvido pelo presidente com mais atenção ainda inclui os ministros das Comunicações, Fábio Faria, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Oriundos do Congresso, ambos transitam bem tanto entre parlamentares como entre outras figuras do poder em Brasília.  Por meio deles, Bolsonaro, que iniciou o governo rejeitando negociar com líderes partidários e associando o presidencialismo de coalizão à corrupção, abriu as portas dos palácios do Planalto e da Alvorada.

Numa transmissão ao vivo, Bolsonaro disse que já tomou “muita tubaína” com o desembargador Kassio Marques, nome do Centrão escolhido para vaga no Supremo. Integrantes do primeiro escalão dizem que a expressão “tomar tubaína” usada pelo presidente define o tipo de aliados que quer por perto neste momento. Saem os radicais, entram pessoas com capacidade de articulação política que ele precisa para seguir no governo. Na prática, Bolsonaro se cercou de quem pode ajudá-lo não apenas a afastar de si a pressão de inquéritos que envolvem a família, mas abrir caminhos à reeleição em 2022.

Blog do Magno

 

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