Por Cristovam Buarque*
As pesquisas mostram força eleitoral do atual presidente, apesar de todos seus erros e desastres se seu governo. Na politica externa, deixando o Brasil isolado como um pária no mundo. No Meio Ambiente, se identifica com incentivo a queimadas, desprezo à natureza e à biodiversidade.
Sua falta de compromisso com os direitos humanos leva-o a ter ministros com manifestações racistas, machistas, sem respeito aos povos indígenas, apoiadores de torturadores e da ditadura. No combate à epidemia, seu fracasso é claro, por omissão, sem ministro por meses, sem estratégia, incentivando descuidos e defendendo magia no lugar de ciência.
Na economia, que seria o campo para o qual parecia em condições de corrigir a crise que herdou, está fracassando e provavelmente abandonará a responsabilidade fiscal, ganhando prestígio popular no primeiro momento, mas jogando o país na inflação e nas consequências da perda do determinante fator Confiança. Na ética, seu governo, sua família e a adesão à velha política demonstram tolerância, omissão e prática corrupta.
Apesar disto, há reconhecimento de que a força de Bolsonaro não diminui e possivelmente será forte candidato à presidência em 2022.
Muitos explicam esta força graças às transferências de renda, copiando os governos anteriores do PSDB/PT, também graças à adesão ao “centrão” e a provável irresponsabilidade fiscal que elevará gastos públicos.
Mas tudo indica que a força de Bolsonaro não vem apenas do populismo, vem da fragilidade de seus opositores. Apesar de manifestações verbais, seus opositores carregam o peso dos erros do passado e não oferecem ideias para o futuro. Propostas que tragam esperança ao povo e empolgue aos eleitores.
Além disto, falta uma liderança carismática com crédito político que unifique e lidere alternativa com viabilidade eleitoral. Não há propostas claras para um Brasil diferente. A oposição, dividida, se limita a oferecer volta ao passado, especialmente liberdade de costumes e compromisso com a democracia.
Bolsonaro adotou a velha proposta de transferência de renda para os pobres e caminha para usar irresponsabilidade fiscal como forma de financiar projetos de infraestrutura. Sem uma alternativa convincente e sedutora, sem reconhecimento dos erros que cometidos, sem uma unidade carismática que represente as forças progressistas, Bolsonaro será reeleito na hora que o eleitor tiver de escolher entre continuarmos como estamos ou regredirmos ao que fomos. O eleitor precisa de um sonho que sirva para construir um Brasil diferente no futuro. A falta disto nos deixa prisioneiros do passado.
*Ex-senador da República, ex-ministro da Educação e governador do Distrito Federal entre 1995 e 1998.
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