A análise das consequências para o Brasil no cenário de vitória de Biden perpassa duas trilhas, uma ideológica e a outra pragmática. No Planalto, cogita-se que as estrelas da direita na constelação – Ernesto Araújo, no Itamaraty, e Ricardo Salles, no Meio Ambiente – sairiam enfraquecidas. Em plena guerra com a ala militar do Governo, é possível que ambos sejam demitidos ou deslocados de suas atuais funções, caso o democrata seja eleito. O fato inexorável é que a derrota de Trump terá, sem dúvida, um impacto na maneira como Bolsonaro se comporta em suas relações com o Congresso, STF, mídia, contas de Twitter e partidos políticos.
Até recentemente, com uma leve repaginada nos últimos meses, ele seguia a tática de confronto do colega americano. No caso de derrota desse modelo, e com a reeleição sempre em mente, é provável que ele tente erigir mais canais rumo ao centro. Não só aqui, como nos Estados Unidos. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, por sua vez, se diz tranquila diante da possibilidade de vitória democrata.
O comércio entre os dois países segue estável – até porque a proximidade de Bolsonaro com Trump não rendeu tanto assim. Com uma postura mais subserviente, o Brasil, na verdade, mais cedeu do que colecionou vitórias, como a sobretaxa imposta ao aço brasileiro, a falta de reciprocidade na isenção de vistos e a tarifa zero para importação de etanol dos Estados Unidos
A maior preocupação, caso Biden ganhe, é com uma elevação dos requisitos para a exportação brasileira de produtos agrícolas, sensíveis às questões ambientais e onde os dois países competem fortemente. Mas mesmo aí não se esperam grandes baques. Talvez até existam ganhos na relação mais independente do que com o alinhamento automático aos Estados Unidos.
Blog do Magno
Poste seu comentário