O pacote de ajuda para que os governos estaduais enfrentassem a pandemia superou em 54% o impacto sofrido por essas administrações, transferindo para a União não apenas o choque efetivamente sofrido, mas também um custo adicional que se reflete em elevados saldos de caixa em poder dos estados.

De acordo com levantamento do economista do Insper e colunista da Folha Marcos Mendes, o socorro já superou em R$ 36,3 bilhões a perda de arrecadação e o aumento de despesas nessas 27 unidades da Federação.

Segundo Mendes, apesar de a ajuda ter sido superdimensionada, o fato positivo é que o excesso de dinheiro praticamente não foi gasto pelos governadores e pode ajudá-los a enfrentar dificuldades que possam surgir em 2021, sem que seja necessário o socorro adicional que está em discussão em algumas propostas no Congresso. Ele calcula que haja uma reserva de pelo menos R$ 34,6 bilhões nos caixas estaduais.

As medidas de ajuda aos estados somavam R$ 68 bilhões até setembro, segundo o levantamento. As transferências de recursos representaram R$ 51,9 bilhões. A suspensão de pagamento de dívidas com União, BNDES e Banco do Brasil, outros R$ 16,1 bilhões.

A perda de arrecadação foi de R$ 10,5 bilhões até setembro. Houve ainda aumento de despesas de R$ 21,1 bilhões até agosto, embora nem todo esse gasto extra esteja relacionado à pandemia.

A diferença entre os dois números representa um ganho de R$ 36,3 bilhões para os estados. O valor deve subir até o final do ano, dado que ainda há valores a serem liberados e a suspensão da dívida terá impacto de pelo menos mais R$ 15 bilhões.

O levantamento mostra também que, no final de agosto de 2020, os estados tinham em caixa R$ 34,6 bilhões a mais do que na mesma data do ano passado. Ou seja, a maior parte desse dinheiro não foi gasta.

 

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