Vacina com viés eleitoreiro
A ciência venceu morte e o vírus do fim do mundo está sendo guerreado e sepultado, mas depois de um rastro de horror: dois milhões de almas ceifadas, das quais 207 mil no Brasil. Europa e Estados Unidos saíram na frente sem marketing, sem contendas políticas, diferente do Brasil. Ontem, enquanto uma enfermeira negra, de 54 anos, entrava para a história, a primeira vacinada no Brasil, em São Paulo, por obra do governador João Doria (PSDB), em Brasília, no mesmo horário, o Governo Bolsonaro, por meio do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, acusava o golpe, classificando o ato paulista de puro marketing.
“O Ministério da Saúde tem em mãos, neste instante, as vacinas tanto do Butantan quanto da AstraZeneca. Nós poderíamos, num ato simbólico ou numa jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa. Mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso. Não faremos uma jogada de marketing”, atacou o ministro, numa entrevista coletiva para roubar a cena do que estava ocorrendo em São Paulo.
“É o triunfo da vida contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte, ao invés do valor e da alegria da vida”, rebateu, por sua vez, o governador de São Paulo, João Doria, ao lado da enfermeira Mônica Calazans, do Hospital Emílio Ribas, a primeira pessoa no Brasil a receber uma dose da Coronavac. Depois dela, vários outros profissionais do Hospital das Clínicas, onde foi realizada a coletiva, também foram vacinados.
Triste uma vacina ser obra de manipulação política por puro oportunismo do Governo paulista. Doria é candidatíssimo à Presidência da República em 2022. Fazendo um Governo medíocre e opaco, tanto que chegou a ser escondido da campanha do prefeito reeleito Bruno Covas, Doria tenta, agora, enganar a humanidade brasileira com a vacina, o político que chegou primeiro com a tábua da salvação, passando por cima do Governo Federal.
Pazuello fez o pronunciamento após autorização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19 no Brasil, a coronavac, chinesa, produzida em parceria com o Instituto Butantan, e a inglesa, da Universidade de Oxford, na Inglaterra. No caso da Coronavac, os técnicos da Anvisa confirmaram, a partir de cálculos e análises próprias, os principais dados de eficácia e segurança apresentados pelo Butantan, mas detalharam incertezas que ainda permanecem sobre o produto.
Os técnicos da Anvisa confirmaram a eficácia de 50,4% da Coronavac, mas ressaltaram que não foi possível calcular a eficácia da vacina por faixa etária, principalmente entre idosos. Quanto à vacina de Oxford, também foi confirmada a segurança do imunizante e a eficácia média de 70,32%. O dado considera diferentes números, dosagens e intervalos entre doses. No Brasil, com duas doses completas, a eficácia ficou em 62%.
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