O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (17), elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual. Com isso, a Selic sobe para 2,75% ao ano.

Apesar do consenso na expectativa do mercado de que haveria alta dos juros, o valor surpreendeu. As apostas convergiam, majoritariamente, para 0,5% pontos percentuais.

A alta interrompe a manutenção da taxa na mínima histórica de 2% a.a, patamar da Selic desde agosto do ano passado. Antes disso, o Copom realizou um movimento de redução de juros por nove reuniões seguidas, desde julho de 2019, quando a taxa estava em 6,5% a.a. É a primeira vez que a Selic está a 2,75% a.a. Isso porque no ano passado, a taxa passou direto dos 3% para os 2,25% ao ano de maio para junho.

Além do avanço da crise sanitária e o atraso na vacinação da população brasileira, que aumentam as incertezas do cenário econômico nacional, a alta dos juros básicos acontece em meio ao maior patamar das projeções para a inflação de 2021.

Para o Copom, o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário, uma vez que o tombo do PIB em 2020, menor do que o inicialmente esperado, sinalizou recuperação da maior parte da queda observada no primeiro semestre.

“Na avaliação do Comitê, uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos”, informa o comunicado do Banco Central.

Vale lembrar que a alta da Selic foi antecipada, pela inflação mais forte no curto prazo, bem como pela menção, na última ata do Copom, de que o comitê já via necessidade de mexer na taxa a partir de março. Até o final do ano passado, o mercado esperava alta apenas para o segundo trimestre.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para perseguir a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para este ano, a meta é de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, podendo oscilar entre 2,25% e 5,25%.

A expectativa do mercado financeiro para a inflação, de acordo com a última edição do Boletim Focus, já está em 4,60% até o fim de 2021. Com isso, os analistas também já projetam que a Selic avance até os 4,5% a.a até o final deste ano.

Mais uma alta

Dando continuidade a retirada do estímulo monetário, o Copom prevê nova alta, de mesma magnitude, na próxima reunião. Se confirmada, a taxa pode alcançar os 3,5% ao ano.

“O Copom ressalta que essa visão para a próxima reunião continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”, pondera.

CNN Brasil

 

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