Com o anúncio das restrições aos viajantes do Brasil feito pela França nesta terça-feira (13), o país soma barreiras de entrada impostas como forma de tentar conter o avanço da pandemia de Covid-19 —particularmente, a variante brasileira do vírus— em ao menos 22 nações, de acordo com levantamento feito a partir dos dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Os dados atualizados até esta quarta-feira (14) referem-se apenas a países que adotaram medidas específicas contra o Brasil. Assim, ficam de fora do levantamento países como a China, por exemplo, que fechou suas fronteiras de maneira mais generalizada.
Pessoas que estiveram no Brasil em um período de 14 dias antes de viajar não podem entrar na Arábia Saudita, Irã, Itália, Japão, Omã, San Marino e Vaticano. No Reino Unido, o prazo estabelecido como margem de segurança é de dez dias, mas os viajantes precisam se comprometer a ficar em quarentena em solo britânico por 11 noites.
Na Alemanha, quem esteve no Brasil só pode entrar se comprovar fazer parte de algumas das poucas exceções às regras, sendo familiar de um cidadão alemão, por exemplo. Mesmo a vizinha Argentina fechou as portas até pelo menos o final deste mês a quem sair do Brasil.
Na Áustria, segundo a Iata, os voos do Brasil e da África do Sul estão suspensos até, ao menos, o próximo domingo (18), quando também expiram as restrições em Bangladesh e no Peru. Na segunda-feira (19), também deve cair a barreira imposta pela França e, no dia seguinte, a do Paquistão.
PAÍSES QUE IMPÕEM BARREIRAS AO BRASIL
Alemanha
Arábia Saudita
Argentina
Áustria
Bangladesh
Cidade do Vaticano
Colômbia
Espanha
EUA
França
Holanda
Irã
Itália
Japão
Marrocos
Omã
Paquistão
Peru
Reino Unido
San Marino
São Martinho
Turquia
O principal temor desses países é o maior potencial de contágio e letalidade das variantes brasileiras do coronavírus. São elas a P.1, originária de Manaus e já dominante em pelo menos seis estados brasileiros fora do Amazonas, e a P.2, de grande circulação no Brasil e identificada pela primeira vez no Rio de Janeiro.
Além das cepas brasileiras, também foram identificadas variantes do coronavírus no Reino Unido, na África do Sul e nos EUA. Em geral, de acordo com o conhecimento científico acumulado até agora, essas novas versões do coronavírus tendem a ser mais transmissíveis e surgem como consequência do descontrole da pandemia e da alta circulação de pessoas —caso do Brasil.
Quanto mais o vírus circula, maiores as chances de mutações surgirem —algumas delas facilitam a entrada do vírus nas células ou então impedem a ação de anticorpos neutralizantes.
Assim, embora a maior parte dos países que impuseram restrições ao Brasil tenha taxas de transmissões maiores que a brasileira, as medidas se justificam pelo temor de que as variantes agravem a crise sanitária, sobrecarregando sistemas de saúde e elevando o número de mortes.
A taxa de transmissão, também chamada de “R”, indica para quantas pessoas, em média, cada infectado transmite o vírus; quando está acima de 1 significa que a velocidade de contágio é crescente.
Entre os 22 países analisados, o Irã é o que apresenta o maior índice (1,43), segundo os dados compilados pelo portal Our World in Data. Isso significa que cada 100 infectados por coronavírus no Irã contaminam outros 143, que, por sua vez, infectam mais 204, que contaminam 292 e assim sucessivamente, espalhando a doença de forma cada vez mais rápida.
A taxa do Brasil é 1,01 —o quinto menor da lista—, o que significa, segundo o índice, que a transmissão é mais lenta, mas ainda progressiva. Com “R” abaixo de 1, nos países da lista, estão apenas San Marino (0,96), Reino Unido (0,93), Áustria (0,91) e Itália (0,81).
FOLHAPRESS
Poste seu comentário