Diante da pressão do Congresso para desmembrar o Ministério da Economia, o presidente Jair Bolsonaro vem sendo aconselhado a recriar as pastas de Previdência e Trabalho e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, segundo um interlocutor do Palácio do Planalto. A estratégia seria abrir espaço no órgão hoje comandado por Paulo Guedes sem tirar do domínio do ministro a área de Planejamento — principal alvo dos pedidos dos parlamentares.

Segundo essa fonte, Bolsonaro está decidido a aumentar a representatividade do Senado na Esplanada, já que deputados têm a sua cota no comando do Executivo — a mais recente indicação foi a de Flávia Arruda para a Secretaria de Governo. Ainda não há uma definição, no entanto, sobre qual senador ocuparia o cargo.

De acordo com interlocutores de Guedes, no entanto, o ministro não aceita abrir mão das áreas que atualmente administra. O Ministério da Economia foi resultado da fusão de quatro pastas: Fazenda, Planejamento, Previdência e Trabalho e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Entrave aos gastos

O temor do ministro é que o desmembramento sinalize perda de força, no momento em que ele está sob pressão por causa da crise entre governo e Congresso durante as negociações sobre o Orçamento. O texto foi alvo de um impasse após parlamentares aumentarem o valor de emendas por meio de uma manobra na qual reduziram a previsão de gastos obrigatórios. As despesas extras foram corrigidas com veto parcial à proposta, sancionada na semana passada, mas a avaliação ainda é que Guedes conduziu mal as conversas.

Retirar de Guedes a área do Planejamento significaria passar para as mãos da ala política a responsabilidade pelas negociações do Orçamento de 2022, ano eleitoral, e também pelas liberações de recursos neste ano. Entre congressistas, há até uma queixa contra três integrantes específicos da equipe econômica: George Soares, secretário do Orçamento; Bruno Funchal, secretário do Tesouro Nacional; e Waldery Rodrigues, secretário especial da Fazenda. Os técnicos, considerados conservadores com as contas, são vistos como entraves à flexibilização para ampliação de gastos.

Esta não é a primeira vez em que o superministério de Guedes é alvo de pressão. Nos últimos meses, integrantes do centrão têm defendido a recriação de pastas para abrigar indicações políticas.

Também influencia as movimentações a avaliação de que, enquanto houver um Ministério da Economia, a tendência é que o ministro continue no cargo. Com isso, integrantes do governo e do Congresso que defendem sua saída reforçam a articulação para o desmembramento.

O GLOBO

 

Seja o primeiro a comentar


Poste seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *