O Grupo Itapemirim começará na sexta-feira (21) a vender passagens da sua operação aérea, batizada de ITA Transportes Aéreos. A promessa da companhia é oferecer passagens a “preço acessível” e com muito conforto, incluindo mais espaço entre as poltronas e despacho de bagagem grátis.

A companhia, que já foi certificada pela Anac, fará um voo inaugural no dia 29 de junho, entre Guarulhos e Brasília, com renda revertida para instituições beneficentes e, no dia seguinte, inicia sua operação comercial.

Inicialmente, a novata terá cinco aeronaves Airbus A320 e realizará rotas entre oito cidades (com base nas quatro primeiras):

Belo Horizonte-Confins (MG)
Brasília (DF)
Rio de Janeiro-Galeão (RJ)
São Paulo-Guarulhos (SP)
Curitiba (PR)
Porto Alegre (RS)
Porto Seguro (BA)
e Salvador (BA)

Entre os destaques da estreia estão ligações diárias entre Guarulhos e Confins, Guarulhos e Galeão, Guarulhos e Porto Alegre, e Guarulhos e Salvador, além de frequências semanais entre o aeroporto internacional de São Paulo e as cidades de Brasília, Curitiba e Porto Seguro.

A partir de 1º de agosto de 2021, outras cidades serão adicionadas à malha:

Recife (PE)
Maceió (AL)
Fortaleza (CE)
Florianópolis (SC)
Vitória (ES)
e Natal (RN)

Até junho de 2022, a companhia pretende ampliar a sua cobertura e chegar a 35 destinos no Brasil, totalizando 50 aeronaves.

A previsão é que a companhia chegue ao final do ano com um total de 20 aviões do mesmo modelo e, durante o primeiro semestre de 2022, receba mais cinco por mês até completar os 50. A marca, que será presidida por Tiago Senna, está tratando os veículos como um dos seus grandes diferenciais.

“Estamos reconfigurando os aviões para 162 assentos (o modelo comporta 180) para que nossos passageiros possam desfrutar de uma viagem de preço acessível, porém com toda a comodidade e segurança”, explica Sidnei Piva, presidente do Grupo Itapemirim.

Haverá ainda possibilidade de despacho gratuito de bagagem de até 23 quilos para todas as classes tarifárias e serviço de bordo com refeições quentes em alguns trechos.

Mercado

Em entrevista ao CNN Brasil Business, Piva afirma que a empresa quer ser “uma companhia aérea que o Brasil ainda não tem, priorizando o conforto dos passageiros”. Apesar disso, garante, sem dar muitos detalhes, que a companhia conseguirá acompanhar os preços praticados pela concorrência.

“Não vamos vender passagens acima da concorrência e nem fazer ofertas ‘kamikaze’. Acreditamos que é possível, com criatividade, oferecer mais serviços aos clientes. Quando os passageiros levam bagagem lá em cima, por exemplo, gera desconforto e atrasos. Por isso, priorizamos a gratuidade no despacho de bagagens”, diz.

Também afirma que a pandemia apresenta uma grande oportunidade de entrada no mercado, já que o momento “nivela as companhias”. Mais do que isso, o executivo entende que, por não precisar lidar com remarcação de passagens e voos cancelados no período, a empresa terá mais tranquilidade que a concorrência para trabalhar.

Modais

Piva cita ainda o background rodoviário da empresa como diferencial para a nova operação. Para ele, isso se dará de duas formas: integrando os modais para que a empresa alcance mais destinos e permitindo que uma nova parcela da população passe a ter acesso ao setor aéreo.

“Somos a maior companhia rodoviária em extensão territorial do Brasil. Atendemos 2,5 milhões de passageiros por ano, em 2.700 cidades de 19 estados brasileiros, com mais de 300 ônibus em operação. Vamos poder integrar os modais, criar roteiros feitos parcialmente de avião e parcialmente de ônibus”, diz.

“Hoje, só 4% da população brasileira utiliza transporte aéreo. Mas, com o nosso projeto, acreditamos que podemos alcançar um público que nunca teve oportunidade de voar, oferecendo mais uma opção de deslocamento.”

A empresa espera, ainda, avançar no mercado ferroviário. A divisão, administrada por Jean Pejo, ex-secretário nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos, foi estruturada para competir em concessões de ferrovias e no transporte urbano sobre trilhos, por meio dos VLTs. “Nosso objetivo é participar de todas as concorrências”, afirma.

Recuperação judicial

Os planos ambiciosos contrastam, à primeira vista, com a realidade financeira da empresa, que se encontra em recuperação judicial. Segundo relatório, divulgado pelo UOL e redigido pela administradora judicial responsável pelo processo, a EXM Partners, o Grupo deve R$ 2 bilhões em impostos e outros R$ 167 milhões a credores.

Segundo a empresa, a dívida tributária está em fase de negociação e os compromissos da recuperação têm vários créditos em discussão judicial, visando sua exclusão. Os créditos comprovados e não questionados representam R$ 45 milhões. O Grupo diz, ainda, deter cerca de R$ 300 milhões em ativos e imóveis.

Apesar disso, Piva espera que o processo seja finalizado no próximo dia 24 de maio, quando o caso será avaliado por um juiz. “O processo de reestruturação foi muito satisfatório. É gratificante, porque, estatisticamente, são poucas as empresas que conseguem se recuperar.”

Investimento

Contrastando com o que os números sugerem, o executivo afirma que o caixa da empresa começa a operação “tranquilo”. Ele havia anunciado, no início de 2020, que a empresa recebeu um aporte de US$ 500 milhões de um fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos para criar a companhia.

Não obstante, afirma que está em contato com outros investidores, locais e internacionais, visando receber novos aportes. “Somos uma ótima oportunidade de investimento. Estamos bem preparados financeiramente para qualquer disputa de mercado e, quem apostar com certeza conseguirá um bom retorno no futuro”, diz.

A companhia pretende ainda, no médio prazo, abrir seu capital. “Isso deve ocorrer em 2024, 2025.” Sobre uma possível internacionalização da marca, o gestor afirma que, inicialmente, o foco é somente o mercado nacional.

CNN Brasil

 

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