Por José Carlos Werneck
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, negou, neste domingo em Brasília, qualquer cálculo político-eleitoral em sua decisão de declarar publicamente ser gay dizendo que precisava se apresentar “na integralidade, e não pela metade” a seu partido, o PSDB, pelo qual tentará concorrer à Presidência da República em 2022.
“Não tem nada de errado, nem é algo que mereça ficar escondido. Outros políticos têm, sim, a esconder e escondem… Rachadinha, mensalão, petrolão, superfaturamento em compra de vacinas”.
SEM NADA ESCONDER – “Entendi que era o momento de falar. Não tem qualquer cálculo do ponto de vista político-eleitoral. Aliás, nem sei quais serão os efeitos que isso terá do ponto de vista eleitoral. Talvez não sejam os efeitos positivos que muita gente possa esperar, mas tenha efeito positivo ou negativo, é o que sou, do jeito que sou, apresentado como sou. Se a população entender que eu posso apresentar um caminho, tem que ser na minha integralidade, sem esconder qualquer coisa”.
Ele reiterou que a eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018 foi um “erro”, mas negou que tenha apoiado a candidatura do atual chefe do Planalto porque não pediu votos em favor do atual presidente, nem fez “campanha casada” ou “misturou nome ao do candidato” – em alusão ao BolsoDoria empreendido pelo atual governador de São Paulo durante a campanha de 2018, afirmando que seu voto em Jair Bolsonaro em 2018 foi um “erro” que deverá ser analisado para não se repetir futuramente.
INTOLERÂNCIA – Nas eleições de 2018, ele declarou voto em Bolsonaro, mas hoje questionado sobre essa decisão, sobretudo pelo histórico de declarações homofóbicas do presidente:
“As declarações de intolerância do presidente no passado me pareciam naquele momento que teriam, embora preocupantes, menos espaço para se apresentarem de forma prejudicial ao País à medida que temos instituições fortes que garantiriam que a posição homofóbica dele não significasse política pública contrária a gays, lésbicas, bissexuais, ou qualquer público homossexual”, disse Leite. “A gente tem que analisar esse erro, aprender com ele para não cometer mais esse erro no futuro”.
TERCEIRA VIA – Segundo ele, essa análise inclui trabalhar em uma “terceira via” para evitar um segundo turno entre Bolsonaro e o PT, que deve ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Leite disse ainda que qualquer candidato da “terceira via” à Presidência da República deveria, se eleito, se abster de buscar a reeleição em 2026. Segundo ele, o momento de extrema polarização requer “volta para o bom-senso e para o equilíbrio”. “Isso envolve desapego, desprendimento”, disse.
“Se o próximo presidente da República, viabilizado por uma terceira via, como a gente espera, for candidato à reeleição, passa no primeiro dia a ser atacado pelas duas correntes políticas que querem voltar ao governo, seja o bolsonarismo, seja o lulopetismo. É importante que a gente tenha a visão sobre serenar os ânimos”, afirmou, enfatizando que, se for o candidato do PSDB à Presidência da República e for eleito, não concorrerá à reeleição.
DECISÃO ANTIGA – Essa postura é semelhante à adotada por ele na prefeitura de Pelotas e no governo do Rio Grande do Sul, para o qual reafirmou que não buscará novo mandato, mesmo que seja derrotado nas prévias do PSDB para ser o nome do partido para concorrer ao Palácio do Planalto.
O governador do Rio Grande do Sul adiantou que, se for o candidato do PSDB ao Planalto e for eleito, não concorrerá à reeleição. A postura é semelhante à adotada por ele na prefeitura de Pelotas e no governo do Estado – para o qual ele reafirmou que não buscará novo mandato, mesmo que seja derrotado nas prévias do PSDB.
Com Eduardo Leite, devem concorrer às prévias João Dória, governador de São Paulo, Tasso Jereissati, senador pelo Ceará e Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus.
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