Por Antônio Magalhães*

A célebre pensata do filósofo grego Aristóteles, que diz que “a virtude consiste em saber encontrar o meio-termo entre dois extremos”, aplicada hoje, cairia num imenso vazio. Pois é exatamente no campo político do Centro entre os extremos onde não há chance de se topar com virtude, mas sim egoísmo e confusão.

O maior exemplo é a disputa entre os partidos meio alinhados e desalinhados com o Governo Federal para encontrar um candidato presidencial com carisma e bom de voto para esvaziar a polarização entre Bolsonaro e Lula.

Ontem, lideranças de nove partidos se reuniram em Brasília para mais uma vez tentar alinhar ideias como se isso fosse possível. O encontro repetiu os anteriores: não deu em nada. Ninguém fala em abdicar da candidatura em prol de uma com mais chance de vitória, semelhante ao que tem acontecido em Pernambuco com os postulantes de oposição ao PSB, que vêm sendo derrotados em seguidas eleições por falta de um acerto político.

Na esfera federal, é difícil as opções centristas empolgarem o eleitorado brasileiro. As pesquisas mais recentes, como qualifica um amigo de “instantâneos de simpatia”, dão uma dimensão reduzida desses pré-candidatos, destacando-se apenas Ciro Gomes, ex-governador e três vezes postulante à presidência da República, mas num patamar percentual muito baixo. Por conta de ser o terceiro colocado, abaixo de Lula e Bolsonaro, Ciro não compactua com o acerto de outra candidatura centrista que não seja a sua.

Já o ex-juiz Sérgio Moro, que tem contra si políticos encrencados com desvios e um Judiciário irado, conta com recall popular dos tempos da Lava Jato que lhe permite pontuar razoavelmente nestes instantâneos de simpatia. A vítima perfeita do “mecanismo” para ganhar votos.

Outros nomes no campo centrista penam com números magérrimos nas enquetes de intenção de voto. Como os governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), a senadora Simone Tebet (MDB), o apresentador José Luiz Datena (PSL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Luiz Henrique Mandetta. São os “fantasmas da terceira via” com zero chance de vitória.

O fenômeno de 2018 ficou naquele ano. O momento político permitiu a vitória de um candidato quase desconhecido do Brasil, filiado a um partido nanico, superando as feras dos grandes partidos. Um conhecido, metido a entender de política e até dá aulas e faz lives sobre o tema, chegou a dizer na época que depois do início da campanha a candidatura Bolsonaro iria se dissolver como sonrisal. Errou feio.

Nesse centro não aristotélico falta, além da virtude, do equilíbrio, uma proposta realista de campanha, alinhavada hoje apenas pelo experiente em disputas presidenciais Ciro Gomes. O grande projeto dos demais da oposição, até mesmo de Lula, é derrubar o presidente, falar mal dele o tempo todo, correr para pedir ajuda ao Judiciário, num desespero sem fim.

Como essa atitude o Centro oposicionista não vai convencer nenhum eleitor. Tira Bolsonaro pelo voto ou não e coloca o País num vazio impreenchível, pois os pré-candidatos desse segmento não propõem mais nada. São seres etéreos na paisagem política nacional. Uma pena para os brasileiros. É isso.

 

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