O Globo

Na ausência de uma candidatura consolidada a cerca de um ano da eleição presidencial, os atos esvaziados no último domingo reforçaram o senso de urgência para partidos e políticos que pretendem desafiar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O embate interno na raia da terceira via ainda vai se desenrolar pelos próximos meses, com boa probabilidade de chegar à eleição sem a convergência em torno de um nome, mas as disputas nas siglas e a tentativa de conciliação entre alguns postulantes tiveram novos lances.

Aproximações a nível nacional entre partidos como PSDB, DEM e PSD têm esbarrado em conflitos internos e incompatibilidades nos estados.

CIRO E MANDETTA – Ainda embrionário, vem partindo de pré-candidatos na “pessoa física” o gesto mais explícito sobre uma aliança. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e o pedetista Ciro Gomes têm trocado declarações em torno da disposição de estarem no mesmo palanque, mas a costura ainda depende da definição do quadro partidário.

Se tucanos e o PSD de Gilberto Kassab não admitem por ora abrir mão da candidatura presidencial, isso poderia não ser um problema para o DEM, cujos principais caciques têm interesses nas disputas para governador e senador. As conversas para uma aliança, contudo, não apontam para uma convergência com o PDT de Ciro, e sim para a possível fusão com o PSL, dono de uma das maiores fatias do fundo eleitoral.

DEM E PACHECO – Formalmente, o DEM não descarta ter como nome próprio o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), ainda filiado à sigla. Seu nome para a sucessão de Bolsonaro, porém, tem mais chances de aparecer sob a legenda do PSD. Kassab está perto de concretizar a filiação do senador e já anuncia sua candidatura.

Ao podcast “A Malu tá On”, da colunista Malu Gaspar, na última sexta-feira, Kassab explicou o plano alfinetando um adversário interno da terceira via. Ao dizer que a melhor estratégia para Pacheco é adiar por enquanto a troca de partido e a candidatura, deu como exemplo contrário o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que, na sua visão, tem atraído ataques e críticas públicas por ter se lançado no jogo presidencial cedo demais.

As prévias tucanas, aliás, tiveram novos lances ontem. Depois de Doria fechar o apoio de alguns estados, o gaúcho Eduardo Leite conseguiu a adesão do diretório de Minas Gerais e conta ainda com o grupo político do ex-governador Geraldo Alckmin para obter votos na seção paulista, dominada por Doria.

PDT E DEM – Apesar de fortes resistências dentro do Democratas, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tem ensaiado uma aproximação com o pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, para tentar construir uma aliança para a eleição de 2022.

Dos seis presidenciáveis que assinaram em março um manifesto em defesa da democracia, visto na época como primeiro passo para a união de forças de centro em torno de uma única candidatura, Ciro e Mandetta são hoje os que estão mais próximos. Dos demais, dois, Luciano Huck e João Amoêdo, desistiram de se candidatar, e outros dois, João Doria e Eduardo Leite, estão mais preocupados em articulações dentro do PSDB, já que vão disputar a prévia do partido marcada para novembro.

E ainda há o MDB, que cogita lançar a senadora Simone Tebet, do Mato Grosso do Sul.

 

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