Merval Pereira / O Globo
O Brasil está de volta ao passado. Não é que o desmonte da política anticorrupção seja um negócio combinado, o problema é o espírito da coisa: com o instinto de defesa própria, para se proteger de investigações, e a tentativa de desmoralizar Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, para não deixar pedra sobre pedra, e nenhuma dúvida na cabeça dos cidadãos.
Estamos repetindo tudo o que aconteceu antigamente. A operação Satiagraha, por exemplo, foi assim: pegaram todos, a investigação foi anulada por causa de erros técnicos, interpretações equivocadas e agora vemos Naji Nahas jantando com amigos, com Michel Temer e outros.
MAIS COMEMORAÇÕES – No Brasil é assim, daqui a alguns anos vamos ver Leo Pinheiro, Marcelo Odebrecht, e todos os empreiteiros comemorando por aí, e quem sabe até com dinheiro de volta. Porque, se não houve nada, o que se faz com os cinco bilhões de reais devolvidos? É como as fotografias da era stalinista. Vão apagar tudo o que aconteceu. Não houve mensalão, não houve petrolão, não houve dinheiro, não houve desvio, não houve nada e pronto.
Políticos envolvidos com corrupção, que são réus em diversas ações, apresentam projetos para amenizar punições e tentam criar barreiras para impedir Sergio Moro de se candidatar. É o medo de que ele ganhe a presidência e volte tudo como estava antes. O Brasil está mesmo de volta ao passado.
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