Via Folha

A alta de preços de alimentos, combustíveis, energia e outros produtos começou a cair na conta de Jair Bolsonaro. Os novos números do Datafolha mostram que a popularidade do presidente teve uma inclinação leve para baixo, mas sofreu um solavanco maior entre os brasileiros de baixa renda, que são aqueles que mais sentem o peso da inflação.

A aprovação a Bolsonaro na faixa mais pobre da população caiu de 21% em julho para 17% agora. Esta é a menor marca no segmento desde o início do governo e representa uma queda de 20 pontos de popularidade desde o fim do ano passado, quando foi paga a última parcela de R$ 300 do auxílio emergencial.

CRISE ECONÔMICA – Os números indicam que os principais fatores de pressão sobre a popularidade de Bolsonaro atualmente são os efeitos da crise econômica no bolso dos brasileiros. Ainda que o governo projete um crescimento forte para este ano, não há sensação de bem-estar à vista com desemprego, comida cara, tarifas extras de energia e gasolina a R$ 7 por litro.

A recente piora dos índices do presidente se concentra na base da pirâmide. O grupo que recebe até dois salários mínimos foi o único segmento de renda em que a popularidade de Bolsonaro caiu além da margem de erro. Já a reprovação ao governo oscilou para cima e chegou a 56%.

Os efeitos da economia também parecem ter furado alguns bolsões de apoio ao presidente. Os índices positivos de Bolsonaro caíram 11 pontos no conjunto das regiões Norte e Centro-Oeste, que costumam dar números sólidos ao governo, mas têm metade de sua população com renda abaixo de dois salários mínimos.

QUEDA NA APROVAÇÃO – A pesquisa registrou ainda uma queda na aprovação ao presidente entre os evangélicos: de 34% para 29%. A variação sugere que a situação econômica pode abalar vínculos de Bolsonaro com alguns grupos.

Quando avistou o maremoto da inflação, o presidente tentou transferir a culpa da alta de preços para a pandemia e os governadores. Bolsonaro recebeu o primeiro sinal de que não conseguirá escapar dessa fatura.

 

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