A um ano das eleições, dois personagens do cenário político decidiram ingressar em partidos de centro, e devem ampliar o leque de opções para a “terceira via”, que segue à procura de um candidato competitivo para disputar o Palácio do Planalto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Atualmente no DEM, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), confirmou que vai se filiar ao PSD, e o ex-ministro Sérgio Moro decidiu entrar no Podemos, conforme antecipou a colunista do GLOBO Bela Megale.

Com a mudança de sigla, além de passar a integrar a segunda maior bancada do Senado, Pacheco estará mais perto da corrida presidencial, embora ele não confirme oficialmente sua intenção de disputar o comando do Executivo federal. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, é um dos maiores entusiastas do plano.

— Pacheco torna-se um dos principais quadros do partido. Por ser jovem, ele expressa a renovação que tantos querem no Brasil, e, ao mesmo tempo, tem muita experiência. Ocupou espaço no cenário político em locais que só pessoas preparadas e com talento ocupam, como as presidências do Senado e da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) — elogiou Kassab.

Questionado se é possível garantir a presença do futuro correligionário na lista de adversários de Lula e Bolsonaro, Kassab diz apenas que o convite já foi feito.

— Se depender de todos nós, ele aceitará o convite que fizemos para que seja o nosso candidato em 2022. Nós entendemos que ele efetivamente poderá vencer as eleições.

A proposta de filiação ocorreu há meses, levada pelo próprio Kassab. O senador mineiro, contudo, aguardava uma definição sobre a fusão entre DEM e PSL para bater o martelo. Pacheco também optou pela cautela para não se expor cedo demais. A migração de partido era vista no meio político como a formalização de que Pacheco tentaria se cacifar para o Planalto, algo que já era tratado como certo nos bastidores. Caso não consiga se viabilizar ao páreo no nacional, o parlamentar mira o governo de Minas Gerais.

O evento de filiação de Pacheco está marcado para a próxima quarta-feira, no Memorial JK, em Brasília. A escolha do local foi simbólica. Tem por objetivo homenagear o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que, assim como o senador, era mineiro e filiado a um partido homônimo à sigla fundada por Kassab em 2011.

Antes mesmo de oficializar sua entrada no PSD Pacheco já vinha sendo encarado por Bolsonaro e aliados do presidente como um adversário. Por isso, ele restringiu suas contas em redes sociais no intuito de evitar ataques de bolsonaristas.

Neste sábado, Pacheco vai participar de um evento nacional do PSD no Rio, que contará com a presença de Kassab e do prefeito da cidade, Eduardo Paes. A partir de então, ele deve iniciar uma série de viagens pelo país em uma tentativa de se tonar mais conhecido nacionalmente.

Seus futuros correligionários acreditam que, se por um lado, o senador ainda não é um personagem reconhecido Brasil afora, por outro, isso contribui para que ele tenha um baixo índice de rejeição. Internamente, acredita-se que a viabilidade de sua candidatura vai depender do desempenho dos outros candidatos, principalmente de Bolsonaro. A avaliação é que o eventual sucesso da terceira via depende da queda de popularidade do presidente, que, segundo esses cálculos, precisa chegar a um patamar de aprovação de até 20%, considerado baixíssimo.

O Globo

 

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